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    Maurício Noriega
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    Maurício Noriega

    Mauricio Noriega é um dos jornalistas esportivos mais reconhecidos do país. Ganhou o prêmio ACEESP de melhor comentarista esportivo de TV seis vezes.

    CNN Esportes

    Jogadores salvam Copa América do fiasco

    Por pouco a desorganização não ofusca o espetáculo. Ficam alertas para a Copa do Mundo de 2026

    O desempenho dos jogadores dentro de campo evitou que a Copa América de 2024 fosse marcada pelo fiasco da desorganização. O torneio em que a Argentina alcançou a hegemonia continental, conquistando o 16º título, colecionou problemas de organização e flertou com o desastre na partida final entre argentinos e colombianos.

    Antes da partida entre Argentina e Colômbia, em Miami, houve invasão do Hard Rock Stadium por uma multidão de torcedores sem ingressos. Confusos, os responsáveis pela segurança fecharam os portões de acesso, mas houve tumulto e várias pessoas quase foram prensadas e pisoteadas.

    Jogadores precisaram deixar os vestiários na preparação final para o jogo a fim de resgatar familiares. Muitos torcedores que compraram ingressos não conseguiram ver o jogo. O início da partida foi atrasado em uma hora e quinze minutos.

    Também foram registradas falhas de logística durante a competição, como problemas em voos e hotéis.

    A principal reclamação envolveu os campos de jogo. Como a maioria dos estádios utilizados na Copa América é de futebol americano, a adaptação ao futebol (chamado de soccer nos Estados Unidos) foi desastrosa. A medida padrão dos campos de futebol americano é de 91,44 por 48,76 metros. No futebol da Fifa, a medida oficial recomendada é de 105 por 68 metros. A gambiarra adotada pela Conmebol foi adaptar os gramados para a medida de 100 por 64 metros.

    Além do aperto em campo, os atletas foram submetidos à qualidade ruim dos gramados. O padrão do futebol americano é o gramado sintético. Para a Copa América foram instalados gramados naturais provisórios. A maioria longe das condições ideais. Rolos de grama natural são jogados pelos campos, em cima do piso original, e posteriormente nivelados por máquinas. O problema é a junção entre os rolos, que precisa de tempo para estar firme pelo entrelaçamento das raízes. O que se viu foi um festival de bolas quicando, jogadores prendendo pés e areia subindo. Contraste absurdo com a qualidade dos gramados da Eurocopa.

    Por fim, a questão da segurança dentro dos estádios ficou escancarada pela briga envolvendo torcedores da Colômbia e jogadores do Uruguai e seus familiares. O argentino Marcelo Bielsa, técnico da Seleção Uruguaia, fez um duro desabafo contra a desorganização, atacando a qualidade dos gramados e as falhas de segurança.

    Mesmo com todas essas questões, a Copa América ofereceu bons momentos de futebol. A campeã Argentina e a vice Colômbia se destacaram com grande desempenho em campo. O Canadá surpreendeu alcançando a semifinal, perdendo o terceiro lugar para o Uruguai nos pênaltis. Grandes jogadores desfilaram talento. Provavelmente vimos as despedidas de ídolos como Messi, Di María e Súarez da competição. Também brilharam os colombianos James Rodríguez, Lerma e Richard Ríos, e os argentinos Dibu e Lautaro Martínez.

    Os problemas de organização em grandes eventos não são exclusividade da Copa América. Na final da Euro de 2020, disputada em 2021, em Londres, houve invasão do Estádio de Wembley, antes do jogo entre Itália e Inglaterra. Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, torcedores chilenos sem ingressos invadiram o Maracanã antes de Chile x Espanha.

    As falhas verificadas na Copa América de 2024 chamam a atenção porque há oito anos a Copa Centenário, também realizada nos Estados Unidos, transcorreu sem grandes problemas.

    Fica o alerta para a Copa do Mundo de 2026, que será realizada majoritariamente nos Estados Unidos, com jogos também no Canadá e no México. O torneio terá 48 seleções, provavelmente com uma movimentação muito maior de torcedores de todos os continentes. Alguns com torcedores que ostentam extensa ficha corrida de confusões.

    Embora a Fifa seja muito mais rigorosa e organizada do que a Conmebol, o deslocamento de grupos de torcedores que têm questões étnicas e de geopolítica misturadas à paixão pelo futebol precisa ser monitorado.

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