Trump no TikTok e Biden viral: a batalha por likes (e votos) nas eleições
Vídeos reforçando tese de que presidente estaria velho demais para um segundo mandato viralizam com uma enorme velocidade; enquanto isso, equipe de Biden luta para conquistar jovens nas redes
Nas últimas semanas, uma enxurrada de vídeos com o presidente americano, Joe Biden, invadiu as redes sociais não só dos Estados Unidos, mas do mundo — chegando inclusive ao Brasil, país especialista em transformar qualquer situação em meme. Nas imagens, Biden parece estar confuso, desorientado; algumas mostram momentos constrangedores.
Os vídeos virais reforçam exatamente a tese que seu rival político, Donald Trump, busca provar: a de que o democrata está velho demais e sem condições de comandar os Estados Unidos por mais quatro anos.
Trumpistas, claro, ajudam a espalhar o conteúdo repostando as imagens em seus perfis nas redes sociais. Os vídeos acabam virando memes em páginas de humor e aparentemente sem cunho político, o que alimenta um ciclo. E a checagem de fatos feita pela equipe de Joe Biden, buscando esclarecer que alguns vídeos são falsos ou estão sendo compartilhados sem o devido contexto, não tem conseguido acompanhar a velocidade com que os conteúdos se propagam.
Em uma mensagem no X, o antigo Twitter, o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates criticou o jornal New York Post por ter publicado um dos clipes do presidente americano de forma descontextualizada. No post, escreveu: “As publicações de Murdoch (dono do jornal) estão tão desesperadas para distrair o público das conquistas de Biden que começaram a mentir”.
.@thedailybeast: “White House Rips ‘Desperate’ Murdoch Press Over Deceptive Biden Video”
The New York Post used “a deceptively edited video of President Joe Biden at the G7 economic summit in Italy.” https://t.co/t5Bou9cur2
— Andrew Bates (@AndrewJBates46) June 14, 2024
Mas, na verdade, a falta de contexto não é o único desafio enfrentado pela equipe do presidente nesse assunto. A própria postura de Biden, incluindo a forma como lida com o público, tem criado momentos que podem ser explorados pela oposição. Seus comentários, principalmente sobre a ofensiva em Gaza, também o afastam da parcela de seu eleitorado mais ativa nas redes, que é mais jovem e progressista.
Em fevereiro, a campanha de Joe Biden decidiu se juntar ao TikTok. Desde então, tem tentado contra-atacar com vídeos curtos mostrando incoerências nos discursos de Trump, além de, claro, explorar a condenação criminal do ex-presidente. Mas os números indicam que a estratégia pode não estar funcionando: neste momento, Biden acumula pouco mais de 382 mil seguidores na rede social. Donald Trump, que lançou seu próprio perfil no TikTok quase quatro meses depois, já tem mais de seis milhões de seguidores.
O domínio do republicano sobre a internet não é novidade. Nas últimas eleições, Trump teve ao seu lado, o estrategista Steve Bannon, um dos principais nomes da mídia conservadora nos Estados Unidos – e que recentemente recebeu ordem de prisão por não ter cooperado com investigações do Congresso sobre a invasão do Capitólio de 2021. Bannon foi um dos grandes responsáveis pela vitória de Trump em 2016, com o direcionamento de conteúdo político para usuários do Facebook. O ex-presidente também ficou famoso por usar o então Twitter como canal direto de comunicação com seus eleitores durante o tempo na Casa Branca.
Neste momento, um SuperPAC, ou seja, comitê de doações de campanha, tenta ajudar Biden a superar a gigantesca máquina de mídias sociais de Trump. O Future Forward USA Action é apoiado por grandes nomes da tecnologia como o fundador do LinkedIn Reed Hoffman e o cofundador do Facebook Dustin Muskovitz. Eles querem arrecadar ao menos 10 milhões de dólares para entender melhor sobre os algoritmos que estão ajudando a impulsionar a candidatura de Donald Trump.
Em 2016, as redes sociais já tiveram um papel enorme na eleição presidencial americana. Agora, em 2024, esse impacto tem potencial para ser igual ou ainda maior. Em um cenário eleitoral sem precedentes, com um ex-presidente condenado criminalmente, o futuro dos Estados Unidos deve ser decidido nas urnas, nos tribunais e na internet.