Biden vai ao G20, mas destaque fica para políticas de Trump
Cúpula marca um dos últimos encontros do presidente americano com líderes globais, mas líderes já se preparam para próximo governo
A ida de Joe Biden ao Brasil para participar do G20 é uma das últimas oportunidades para que ele exponha suas visões e faça anúncios sobre política estrangeira antes de deixar a Casa Branca.
Mas a perspectiva do novo governo Trump, que pode reverter muitas dessas medidas, tem ofuscado a importância da participação de Biden no evento – mesmo sem a presença do republicano por lá.
Durante visita à Amazônia, Biden anunciou 50 milhões de dólares em recursos para o Fundo Amazônia, afirmando que é impossível voltar atrás do que chamou de “revolução da energia limpa nos Estados Unidos”.
Mas com Donald Trump, o governo americano deve mudar completamente sua política ambiental: o republicano já prometeu remover o limite para a exportação de gás natural, por exemplo, e escolheu o CEO de uma empresa de fracking (método para extração de combustível extremamente criticado por ambientalistas), Chris Wright, como próximo chefe do departamento de energia.
Nos últimos meses de mandato, o governo Biden também tenta impulsionar a ajuda à Ucrânia, já que a contribuição para os ucranianos está ameaçada no governo de Donald Trump.
Ainda no campo da política externa, Biden deve fazer uma viagem para Angola considerada histórica em dezembro: será a primeira ao continente africano desde que ele assumiu a Presidência.
Uma visita ao país agendada para outubro foi cancelada por causa da passagem do furacão Milton. Críticos culpam a ausência de Biden na África pelo aumento da influência de poderes como China e Rússia no continente, apesar do governo americano afirmar que prioriza, sim, as necessidades da população africana.
A viagem do presidente americano para Angola apenas um mês antes de deixar a Casa Branca, assim como outras medidas tomadas por ele recentemente, está sendo vista nos Estados Unidos como uma tentativa de Biden de preservar seu legado e cumprir promessas antigas – muito mais do que um gesto político com efeitos práticos.
Afinal, nesse momento, líderes mundiais se preparam para a mudança de postura praticamente total que deve acontecer com o novo governo Trump.