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    Mari Palma
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    Mari Palma

    Sou jornalista, com pós em moda, neurociência e comportamento. Também sou embaixadora da Marvel, fã de Friends e Beatles, 4 vezes tia e mãe de cachorro

    Quantas vezes você acreditou que não era capaz de enfrentar um desafio?

    Respondo primeiro: MUITAS. Infinitas. Perdi as contas. E é sobre isso que eu quero conversar aqui.

    Na semana passada, eu enfrentei um grande desafio profissional: apresentar um evento super importante de uma marca gigante – mas em inglês. “Ah, Mari, mas pra você isso é tranquilo”. Sim, eu faço esse trabalho há 15 anos, então entendo que você que tá lendo pense isso – talvez você até esteja um pouco certo. Mas do lado de cá, o pensamento foi pra outro lado: “não é tranquilo pra mim, e eu não sei se vou conseguir”. Era isso que estava na minha cabeça.

    Nos dias anteriores ao evento, eu fiquei criando mil desculpas que eu poderia usar pra não ir. Desde “minha cachorrinha passou mal” a “acabou a gasolina do carro e fiquei no meio do caminho”. Sei lá, qualquer coisa que me tirasse aquela sensação horrível de não ser capaz. A solução era simplesmente fugir. Porque aí ninguém descobriria que eu não sou boa. Um drama, eu sei.

    Mas aí chegou o dia. E apesar de todo o sofrimento anterior, parte de mim tinha certeza que eu não ia fugir. Então lá estava eu, na hora marcada, com todo o roteiro na ponta da língua, sorrindo pra todo mundo. Era isso que as pessoas estavam vendo, pelo menos. Porque por dentro eu estava me tremendo toda.

    Fui, então, pro camarim e lá fiquei passando e repassando as partes em inglês. Várias vezes. Quando tinha uma dúvida sobre uma pronúncia ou outra, ligava pro meu irmão que foi professor e ele me ajudava. Tudo sob controle. Pelo menos até ali.

    Pouco tempo depois, o auditório começou a encher. Aquele tanto de gente entrando, e eu só conseguia pensar na responsabilidade que eu tinha em proporcionar uma noite legal pra eles. E aí veio mais um leve episódio de ansiedade, mais uma voz na minha cabeça me dizendo que era melhor desistir. Será que alguma daquelas desculpas ainda fariam sentido naquele momento? O que aconteceria se eu simplesmente fosse embora?

    Depois de alguns minutos realmente considerando a possibilidade de fugir, eu fiquei. E aí não tinha mais volta: precisava subir no palco e fazer meu trabalho. Soltaram a música, abriram meu microfone e lá fui eu. Foi quando eu subi o primeiro degrau e a luz veio na minha direção que eu lembrei que: “opa, e não é que aqui é um lugar conhecido pra mim?” Sim, eu já tinha passado por muitas situações parecidas ou até mais difíceis. E tinha dado certo. Então por que raios eu duvidei tanto de mim?

    Resultado: o evento foi ótimo. A partir do momento que eu entendi que tinha me preparado e sabia o que estava fazendo, eu me soltei. Voltei pra casa satisfeita com o que entreguei, mas pensando em quanta energia eu gastei pensando no que poderia dar errado. Quanto tempo eu perdi me convencendo que não ia conseguir fazer. Tudo por causa da tal da síndrome da impostora que insiste em fazer a gente se sentir insuficiente.

    Por isso que eu resolvi escrever esse texto aqui no blog. Não quero que seja sobre mim. Quero que seja sobre a gente. Sobre todo mundo que algum dia passou por algo parecido. Que não se sentiu capaz, mas que depois descobriu que o monstro estava só dentro da cabeça. Não é fácil acabar com ele, mas que a gente nunca desista de se surpreender com o que a gente consegue fazer. É muito mais do que a nossa mente deixa a gente acreditar.