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    Mari Palma
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    Mari Palma

    Sou jornalista, com pós em moda, neurociência e comportamento. Também sou embaixadora da Marvel, fã de Friends e Beatles, 4 vezes tia e mãe de cachorro

    A síndrome da boazinha e a eterna busca pela aprovação dos outros

    Dificuldade pra dizer “não”, necessidade constante de agradar, evitar conflitos… se você faz tudo isso, me dá a mão e vem comigo nesse texto

    Essa semana eu abri uma caixinha de perguntas no meu Instagram e uma delas foi “Mari, você tem síndrome da boazinha?”. Fui pesquisar o que esse negócio significa e descobri que esse é um termo que foi criado por uma psicóloga pra definir pessoas “boazinhas” demais: têm dificuldade pra dizer “não”, querem agradar todo mundo, evitam conflitos a todo custo, fazem de tudo pra garantir que todo mundo esteja feliz… a lista é grande e já adianto que eu gabaritei.

    “Ah, mas isso é uma coisa boa”. Então… não é. Quer dizer: talvez seja para os outros, mas não pra quem é assim. É muito cansativo viver em busca de aprovação. Fazer isso significa colocar a nossa felicidade na mão de outra pessoa. Ou seja, pra ser feliz, você precisa ser legal, compreensiva, generosa e tudo que puder ser pra agradar alguém que não é você.

     

    Tudo por causa do medo da rejeição. Posso falar por mim: tenho 35 anos e já perdi as contas de quantas vezes deixei de me posicionar ou defender um ponto de vista por não querer me indispor com outra pessoa. Só de pensar no conflito – que de repente nem aconteceria – já ficava com uma sensação esquisita no peito. E não só isso: eu ficava desconfortável também ao ver outras pessoas discutindo, mesmo que eu não tivesse nada a ver com a história. Que coisa maluca, né?

    Passei muitos anos da minha vida fugindo dessas situações até o momento que eu percebi, depois de anos de terapia, que isso era ruim pra mim. A fama de “boazinha” que me aprisionou por tanto tempo era, na verdade, um grande disfarce pra uma insegurança absurda dentro de mim, que só poderia melhorar caso alguém de fora me “aprovasse”. Demorou, mas eu comecei a entender que, na verdade, quem precisava me aprovar era eu mesma. E pra isso, eu precisaria aprender a colocar limites nas minhas relações, o que não foi – e ainda não é – nada fácil.

    É MUITO difícil dizer “não” depois de uma vida toda dizendo “sim”. Quando eu fiz isso pela primeira vez, me senti uma pessoa horrível. Veio uma sensação de culpa enorme por me priorizar, algo que até então era novidade pra mim. E se aquela pessoa nunca mais quisesse falar comigo? Foi quando eu li uma frase na internet que dizia “só se incomoda com seus limites quem sempre se beneficiou deles”. E é verdade. Para pra pensar: a vida toda você se desdobrou pra atender a expectativa dos outros, fazendo de tudo pra ver todo mundo feliz, mesmo que isso significasse a sua tristeza. Do nada você começa a se posicionar e aquela pessoa que sempre foi prioridade é jogada pra segundo plano e perde todos os privilégios que você deu pra ela por tanto tempo. Estranho, né?

    Leva um tempo pra gente perceber que não tem nada de errado em fazer isso. Não tem como passar pela vida sem se posicionar e se indispor com alguém. A ideia de “agradar todo mundo” é completamente irreal e muitas vezes significa se anular. Eu entendi isso na teoria, mas sofri – e ainda sofro – pra colocar em prática no meu dia a dia. Sigo aqui fazendo minha terapia e me fortalecendo pra conseguir chegar no equilíbrio, que é: considerar a opinião e a felicidade dos outros, sem que elas anulem as minhas.

    E é isso. Espero que você tenha gostado do meu texto. Mas se não gostou, tudo bem também. Ou não. Ou sim. Não sei.

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