Como vocês perceberam, eu comecei esse texto com várias perguntas. São provocações, na verdade, que eu fiz pra mim mesma no último show que eu fui. Eu fiquei tão empolgada querendo registrar cada segundo que, depois que eu saí, me questionei se eu realmente vivi aquele momento. Agora, a poucos dias de embarcar pro Rock in Rio, esse assunto voltou pra minha cabeça e eu quis dividir com vocês.

Primeiro de tudo: não tô dizendo que é pra todo mundo deixar o celular em casa e viver como nossos antepassados. Algumas pessoas podem até conseguir, mas eu claramente não sou uma delas (risos). Eu gosto MUITO de registrar absolutamente tudo e dividir com quem me segue na internet – até porque, é bom lembrar, eu também trabalho com isso. Não adianta, então, eu já chegar ditando regra nesse texto. A ideia nunca é essa.

O que eu quero é levantar o assunto pra que cada um se questione dentro da realidade que vive. Tem pessoas que não fazem a menor questão de gravar nenhum vídeo, tem aquelas que gravam e não postam nada e tem as que gravam tudo e postam tudo. Onde você se encaixa? Eu, como eu disse, gosto de fazer meus vídeos nos shows e, ao contrário do que muita gente imagina, até revejo esses vídeos depois de algum tempo. Acho gostoso voltar pra aquele momento.

Mas, ao mesmo tempo, eu gosto também de curtir o show cantando e dançando, sem me preocupar com celular. O problema é que, muitas vezes, quando eu faço isso, bate aquela sensação de que o momento não aconteceu. Vocês já sentiram isso? Aquela ideia de que se for pra academia e não tirar foto, não valeu. Ou se colocar uma roupa bonita e não registrar, não adiantou. Se eu for pra um show e não voltar com um vídeo no celular, significa então que eu nunca estive lá?

Não. Claro que não. Se você tá num lugar, você tá nesse lugar. Com celular ou não. A gente precisa, primeiro, entender isso. O momento existe mesmo se não for registrado. As calorias da academia foram, sim, queimadas. Alguém viu você naquela roupa bonita quando você saiu na rua. E seu ídolo cantou sua música preferida no show. Tudo isso aconteceu e não necessariamente todo mundo precisa saber.

Mas se você é como eu, que também gosta de registrar um momento ou outro, presta atenção na estratégia que eu pretendo adotar no Rock in Rio: vou gravar umas 5 músicas e depois guardar o celular. Mas guardar mesmo, dentro da bolsa. A partir daí, sou eu comigo mesma curtindo o show e vivendo totalmente offline. É o jeito que eu encontrei de equilibrar a minha experiência, respeitando quem eu sou e o que eu gosto de fazer. Se vai dar certo, eu ainda não sei. Mas pode ter certeza que eu vou voltar com muitas lembranças – algumas no celular, mas muitas na cabeça também.