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    Mari Palma
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    Mari Palma

    Sou jornalista, com pós em moda, neurociência e comportamento. Também sou embaixadora da Marvel, fã de Friends e Beatles, 4 vezes tia e mãe de cachorro

    #CNNPop

    O pódio da ginástica artística é uma grande vitória pra todas as mulheres

    Simone Biles e Jordan Chiles reverenciando Rebeca Andrade foi um momento que vai ficar pra história

    Quero propor um exercício pra você: imagine uma competição feminina de algum esporte. Uma competição bastante acirrada, com mulheres extremamente fortes e talentosas. No fim, 3 sobem ao pódio: a primeira, a segunda e a terceira colocadas. Como você imagina que elas estejam umas com as outras?

    Eu fiz esse exercício e a primeira imagem que me veio na cabeça foi: 3 mulheres distantes, de olhos revirados, de cara feia uma pra outra. Tenho quase certeza que você pensou em algo parecido. Foi assim que a gente aprendeu que deve ser uma relação entre mulheres. Uma relação de rivalidade, inveja, falsidade… características que, por muito tempo, ouvi dizer que eram “femininas”.

    Foi assim que, desde o começo da Olimpíada, alimentaram a ideia de que Rebeca Andrade e Simone Biles eram RIVAIS. Alguém precisou buscar na internet vídeos das duas dançando juntas em festas, conversando e se divertindo pra provar o contrário: elas se admiram e se respeitam também fora das competições. “Que surpresa”.

    E aí eu te pergunto: não deveria ser o “normal” duas pessoas se respeitarem? Por que isso surpreende tanto? Porque não é o que esperam da gente. O esperado é, de fato, que as mulheres se odeiem e briguem por todos os poucos espaços que existem pra elas. Nunca teve espaço pra todas. A gente cresceu se “odiando” e “brigando” pra ser melhor do que a outra, muitas vezes em competições extremamente ridículas que criaram pra gente: a mais bonita da escola, a melhor jogadora do time, a mais inteligente da sala…

    Demorou, mas a gente entendeu que a briga, na verdade, não era de uma contra a outra, mas nossa como um time. Uma briga contra tudo que limitou e aprisionou a gente por tanto tempo. Os espaços têm que ser nossos também. A vitória de uma é a vitória de todas. Por isso é tão importante que hoje a gente veja uma imagem como a do pódio da ginástica artística – 3 mulheres celebrando umas às outras, de mãos dadas. 3 mulheres pretas, com Rebeca Andrade na primeira posição representando, como bem disse Daiane dos Santos, “56% de uma nação que é excluída e subjugada. E que é pertencente, muitas vezes, quando ganha. E quando não ganha?”.

    Essa cena do pódio vai ficar pra história como um dos momentos mais bonitos e importantes da Olimpíada, não só por causa das medalhas, mas também porque passa uma mensagem importante pro mundo de que a rivalidade feminina tem seus dias contados. Não vou dizer que “acabou” porque ainda tem um longo caminho pela frente. Mas sei que, pelo menos a partir de agora, a gente continua essa jornada mais unidas do que nunca, comemorando as conquistas umas das outras. Espero que esse seja “o normal” algum dia.

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