Você que tá lendo esse texto há de concordar comigo: se tem um povo que tá acostumado a sofrer na frente da TV, é o povo brasileiro. Tá no nosso sangue. É a nossa identidade. Vibrar, gritar, ajoelhar, comemorar. Tudo isso faz parte de quem a gente é.

Minhas maiores lembranças de momentos assim sempre foram relacionadas a algum esporte: futebol, vôlei, F1, basquete, skate (inclusive, peço desculpa a todas as crianças que eu já desejei que caíssem algum dia). Mas aí chegou 2025 pra me oferecer uma nova lembrança: o dia em que o Brasil parou na frente da TV por causa do cinema.

Não era por causa de uma disputa de pênaltis ou de alguma medalha. Era por causa da lista de indicados ao Oscar – uma lista que, infelizmente, a gente se acostumou a passar longe. Sim, já fomos indicados outras (poucas) vezes, mas de maneira geral, sempre fomos coadjuvantes. Os protagonistas eram os outros. E sempre os mesmos.

Que bom que toda boa história tem um plot twist. O nosso veio: 3 indicações, incluindo a histórica indicação a Melhor Filme, apenas a MAIOR categoria da premiação.

Não sei como foi pra você aí, mas lá em casa, quando surgiu o nome do filme na tela, foi quase como se o prêmio já fosse nosso. Todo mundo gritando, pulando, comemorando e se emocionando. Reforço: não por causa de um gol no último minuto de um jogo, e sim por causa de uma indicação ao Oscar.

Brasil no Oscar: Fernanda Torres e "Ainda Estou Aqui" são indicados

“Ah, mas isso significa nada se não ganhar”. Aí que você se engana, se acredita nisso. Significa muito. Significa que, finalmente, o mundo tá olhando pro nosso cinema. Pra nossa história. Pra nossa atriz. Pro nosso ator. Pro nosso diretor. Pra nós. Depois de anos tão sombrios pra nossa cultura, isso é uma GRANDE vitória.

Se vai ganhar ou não, a gente não sabe. Mas “Ainda Estou Aqui” já fez história levando o brasileiro de volta pra sala de cinema. Fazendo a gente se (re)apaixonar e sentir orgulho do que é nosso, como há tempos não acontecia. E oferecendo uma nova lembrança de sofrimento na frente da TV, dessa vez numa escalação diferente. Desculpa Bebeto, Romário, Zico, Pelé, Senna, Marta, Raissa… agora chegou a vez de torcer pelo time da Fernanda, do Selton e do Walter. Haja coração, amigo.

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