Prisão de Braga Netto não “acelera” a de Bolsonaro
Investigação vê pouca chance de ex-presidente ser alvo de preventiva
A prisão preventiva do general Walter Braga Netto, ocorrida neste sábado durante operação da Polícia Federal (PF), não significa que a do ex-presidente Jair Bolsonaro esteja próxima.
Fontes da investigação veem pouca chance de Bolsonaro ser alvo de prisão preventiva neste momento. A avaliação continua sendo de que ele só será detido se vier a ser condenado pela tentativa de golpe de Estado.
O cenário só mudaria se o seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada, preste novos esclarecimentos dizendo que Bolsonaro está de alguma forma tentando obstruir a Justiça.
Por enquanto, a PF não viu indicativos de que o ex-presidente tenha atuado neste sentido, diferentemente de Braga Netto, suspeito de tentar acessar indevidamente trechos sigilosos da delação de Cid.
A leitura da PF é de que o general queria saber o que Cid disse a seu respeito para poder “se preparar” para eventuais novas diligências que pudessem tê-lo como alvo, e assim atuar para destruir provas.
Conforme mostrou a CNN, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), onde a investigação sobre o golpe de Estado tramita, também minimizam a possibilidade de Bolsonaro ser alvo de prisão preventiva.
Uma ala da Corte entende que o ex-presidente deve ser preso apenas depois da sentença que vier a ser imposta pelo Supremo, para evitar a conflagração do cenário político nacional.
Os crimes atribuídos a Bolsonaro – organização criminosa, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e tentativa de golpe de Estado – preveem regime fechado e podem chegar a 28 anos de prisão.
De acordo com fontes do Judiciário, a prisão preventiva – ou seja, anterior à definição das penas – poderia mobilizar as forças extremistas que apoiam Bolsonaro a ponto de gerar uma nova onda de ataques à Corte.
Os relatórios da PF com os indiciamentos de Bolsonaro, Braga Netto e outras 38 pessoas estão com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, que pretende oferecer denúncia no início de 2025.