Lula quer chegar à COP29 com novas metas climáticas
Em discurso na ONU, presidente disse que vai entregar documento sobre redução de gases-estufa ainda neste ano, antes do prazo fixado em fevereiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer chegar à COP29, que ocorre em novembro no Azerbaijão, com as novas metas climáticas já definidas.
O prazo para entrega do documento vence apenas em fevereiro de 2025, mas o presidente pretende antecipar a divulgação.
Os países precisam apresentar suas novas metas para redução das emissões dos gases de efeito-estufa até 2035.
Trata-se de um “meio do caminho” para as metas de 2050, que têm como objetivo limitar o aquecimento do planeta em até 1,5 °C até o fim do século.
Em sua fala na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24), Lula disse que a chamada Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) “será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio”.
Para especialistas ambientais que acompanharam o discurso, o anúncio foi bem-vindo: enquanto a maioria dos países tem sinalizado que a divulgação de suas NDCs vai ficar apenas para o próximo ano, o Brasil demonstra “urgência” em elaborar seu plano de redução de emissões.
A avaliação, entretanto, é de que Lula deu sinais dúbios: se comprometeu a contribuir para restringir a no máximo um grau e meio o aquecimento global, mas não entrou em detalhes sobre quais serão as medidas concretas para que esse objetivo seja alcançado.
O presidente também teria sido pouco ambicioso ao dizer que a economia precisa ser “menos dependente” de combustíveis fósseis. Isso porque os relatórios da Agência Internacional de Energia, assim como os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, dizem que a palavra correta é “independente”.
“Para estar à altura desse compromisso, Lula terá que dar sinais sobre quando começa e quando termina a transição energética”, disse à CNN a presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell. “Hoje, temos nosso transporte e a nossa indústria reféns e não temos mercado regulado de carbono.”
O cenário é visto com preocupação inclusive pela equipe ambiental do próprio governo, uma vez que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) prevê uma expansão do petróleo até 2030, quando o Brasil pretende se tornar o quarto maior exportador do mundo.