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    Luísa Martins
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    Luísa Martins

    Em Brasília, atua há oito anos na cobertura do Poder Judiciário. Natural de Pelotas (RS), venceu o Prêmio Esso em 2015 e o Prêmio Comunique-se em 2021. Passou pelos jornais Zero Hora, Estadão e Valor Econômico

    Justiça Federal pede mudança de relatoria da Operação Overclean para Dino

    Tendência, no entanto, é que investigações permaneçam com Nunes Marques no STF

    A Polícia Federal (PF) pediu que as investigações da Operação Overclean, que atingiram a cúpula do União Brasil e têm como pivô o empresário conhecido como “rei do lixo”, passem para a relatoria do ministro Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal (STF).

    A CNN apurou, no entanto, que o mais provável é que a investigação continue sendo conduzida pelo ministro Nunes Marques.

     

     

    A Justiça Federal da Bahia enviou o caso ao STF, na semana passada, depois que foi identificada menção a uma autoridade com foro especial: o líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA).

    Ao remeter a investigação ao Supremo, o juízo de primeira instância disse que, de acordo com a PF, os autos deveriam ser distribuídos a Dino, “em razão da conexão com investigação em curso sob sua relatoria”. O pedido da corporação policial foi endossado pela Justiça.

    Contudo, o presidente em exercício do STF durante o recesso do Judiciário, ministro Edson Fachin, analisou o caso e entendeu que a relatoria deveria ser determinada por sorteio — o que prontamente foi feito, com a definição do nome de Nunes Marques.

    A avaliação foi de que a ação sobre a transparência e a rastreabilidade das emendas parlamentares, que tramita sob a relatoria de Dino, não o torna automaticamente responsável por investigações específicas sobre desvios.

    Prova disso, segundo fontes da Corte, é o fato de existirem mais de uma dezena de investigações mirando parlamentares por suposto mau uso das verbas públicas, espalhadas pelos gabinetes de vários relatores.

    Os desvios de emendas parlamentares se dão sob circunstâncias tão variadas — e em tantos estados brasileiros diferentes — que seria impossível ter um relator universal para todas elas, disse reservadamente um ministro à CNN.

    Os próprios ministros Dino e Marques já têm outros casos a esse respeito em seus gabinetes, do mesmo modo que a ministra Cármen Lúcia e os ministros Luiz Fux, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes.

    A situação só poderá ser eventualmente reexaminada pela Corte se houver um pedido formal da Procuradoria-Geral da República (PGR) para mudança na relatoria, o que não é comum de ocorrer.

    A apuração sobre o “Rei do Lixo”, no âmbito da Operação Overclean, envolve o empresário José Marcos de Moura — ele integra a executiva do União Brasil, indicado ao posto pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto.

    A PF achou no cofre de Moura a escritura de uma transação imobiliária feita com Nascimento. A chefe do senador Davi Alcolumbre (União-AP), que vai disputar a presidência do Senado em fevereiro, também aparece nas investigações.

    Uma planilha localizada pelos investigadores aponta que o esquema atingia pelo menos 12 estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. A Overclean tem sido tratada como uma “nova Lava-Jato”, devido ao seu potencial alcance nacional.

    Por meio da Lei de Acesso à Informação, a CNN revelou que Moura esteve no Palácio do Planalto em dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro. Nada consta nas agendas oficiais, e ele próprio diz não se lembrar.

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