Investigação sobre “Abin paralela” pode turbinar ação contra Bolsonaro no TSE
Relatório da PF reforça tese de "ecossistema de desinformação", dizem fontes
A investigação da Polícia Federal (PF) sobre o suposto esquema de espionagem ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro traz elementos que podem turbinar uma ação a que o ex-presidente ainda responde no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fontes que acompanham o caso afirmam que as evidências em torno de uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) “paralela” reforçam a tese de que Bolsonaro se utilizou de um “ecossistema de desinformação” na campanha de 2022.
A ação que tramita no TSE não tem movimentações processuais desde novembro do ano passado, mas há a expectativa de que, com um eventual compartilhamento de provas, a tramitação acelere.
Segundo a PF, agentes da Abin sob o governo Bolsonaro atuavam para espalhar “fake news” contra adversários políticos do ex-presidente e contra o sistema eleitoral como um todo.
“Ações clandestinas eram realizadas por meio do aparato estatal para atacar instituições, mediante a difusão de notícias falsas contra opositores, inclusive atacando todo o aparato eletrônico de votação”, diz o relatório.
As provas já foram compartilhadas com outros inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF), como o das “milícias digitais”. Agora, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja coligação é autora da ação no TSE, defendem que o relatório também chegue ao TSE.
A Corte Eleitoral já declarou a inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos em dois processos: o da reunião com embaixadores na qual atacou o sistema eleitoral e o do uso político das festividades de 7 de Setembro.
A ação que investiga o abuso de poder pelo “ecossistema de desinformação”, ainda em fase de diligências e sem data definida para julgamento no TSE, pode significar mais um revés para o ex-presidente.
Bolsonaro ainda não se manifestou sobre as provas apresentadas no relatório da PF.