Análise: novo relatório da PF é desafio para “timing” da PGR
Gonet tem dito a auxiliares que prefere deixar uma eventual denúncia para depois das eleições municipais, mas o prazo dado pelo ministro Alexandre de Moraes expira antes disso


O relatório da Polícia Federal (PF) na ação que investiga fraudes no cartão de vacinas do ex-presidente Jair Bolsonaro cria um desafio de “timing” para a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na quinta-feira (18), a PF informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não obteve, junto às autoridades dos Estados Unidos, comprovação de que Bolsonaro tenha apresentado um cartão de vacinação para entrar no país. A diligência havia sido requerida pela própria PGR.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, tem dito a auxiliares que prefere deixar uma eventual denúncia para depois das eleições municipais. Mas o prazo dado pelo ministro Alexandre de Moraes expira antes disso.
As informações prestadas pelos EUA por meio de uma cooperação jurídica internacional foram encaminhadas por Moraes de volta à PGR, para que Gonet defina um entre os três caminhos: oferecer denúncia, arquivar o caso ou pedir novas providências.
Bolsonaro já foi indiciado pela PF neste caso. O novo relatório, juntado aos autos nesta quinta, é uma das etapas finais da investigação: na corporação, há uma avaliação interna de que todas as frentes de apuração já estão esgotadas.
Seja qual for sua opção, Gonet estará mais perto dos “palcos e holofotes” dos quais, em seu discurso de posse, disse que buscaria se afastar. Moraes deu 15 dias para manifestação – prazo que termina antes do início da campanha, marcado para 16 de agosto.