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    Lourival Sant'Anna
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    Lourival Sant'Anna

    Analista de Internacional. Fez reportagens em 80 países, incluindo 15 coberturas de conflitos armados, ao longo de mais de 30 anos de carreira. É mestre em jornalismo pela USP e autor de 4 livros

    Análise: Sobretaxação do aço por Trump não é economicamente sustentável

    Assim como fez em 2018, o presidente americano terá de recuar perante os principais fornecedores, incluindo o Brasil

    A sobretarifação do aço e do alumínio em 25% pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não é sustentável no tempo, como não foi em 2018, quando ele adotou a mesma alíquota para o aço e de 10% para o alumínio.

    A razão disso é a matemática do setor.

    Os Estados Unidos produzem 90 milhões de toneladas de aço, e consomem entre 90 milhões e 200 milhões, dependendo do ano.

    No ano passado, tiveram de importar 25 milhões de toneladas, o que representou 22% do total.

    No caso do alumínio, cujo consumo também varia bastante de ano para ano, a produção nacional é de 3,5 milhões de toneladas, e outros 5,5 milhões foram importados no ano passado, ou seja, 61%.

    A construção de uma usina siderúrgica ou de alumínio leva no mínimo três anos, podendo chegar a sete anos.

    Portanto, a simples proteção do mercado não é um incentivo suficiente para elevar a capacidade instalada de produção antes da falência da indústria e da construção civil locais, altamente intensivas em aço e alumínio.

    Foi por isso que Trump voltou atrás poucos meses depois de impor as tarifas sobre o aço e o alumínio, em março de 2018. Em maio, Trump firmou o acordo comercial USMCA, que substituiu o Nafta, e zerou novamente as tarifas para o Canadá e o México.

    Em agosto, o presidente americano substituiu por cotas as tarifas contra esses produtos vindos dos outros grandes exportadores, Brasil, Argentina e Coreia do Sul.

    No caso do Brasil, essas cotas corresponderam a 70% da média das exportações para os americanos nos anos de 2015 a 2017.

    As tarifas continuaram para União Europeia e Japão, fornecedores menores, mas o que permitiu que Trump afirmasse que elas foram mantidas.

    Por causa da variação de demanda e do tempo que leva para construir essas usinas, vale a pena importar quando necessário, e não tentar ser autossuficiente, como Trump parece desejar.

    A economia chinesa sofreu durante anos com um problema de excesso de capacidade instalada na indústria siderúrgica, que a obrigou a subsidiar o setor e a fazer dumping de aço.

    Esse tipo de política industrial só causa custos, ineficiências e distorções, como bem sabem os brasileiros.

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