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    Larissa Rodrigues
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    Larissa Rodrigues

    Acompanha de perto as articulações do Congresso com o Executivo e como a relação entre os Poderes interfere na vida da população e na economia do país

    Análise: ao evitar discutir assuntos polêmicos, Planalto perde duas vezes

    Lula foge das pautas de costume, mas perde também onde pretendia mesmo lutar: nas pautas econômicas

    Esses dias, em conversa com um ministro no Palácio do Planalto, me relataram um certo desânimo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com as votações no Congresso Nacional quando se trata de assuntos considerados polêmicos.

    De acordo com esse ministro, Lula já entendeu que vai perder o embate em todas as pautas de costumes e disse aos auxiliares próximos que vai investir só na agenda econômica.

    O grande problema, no entanto, é que em 2024 também não tem adiantado o “investimento” de articulação nas propostas econômicas.

    Se até 2023 a grande bengala do Palácio do Planalto eram as votações destinadas a aumentar a arrecadação, neste ano as derrotas têm sido em especial nessa área.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antes “queridinho”, agora é colocado na parede quase que diariamente. Ora pelo setor financeiro, ora pelo próprio presidente Lula.

    Teve medida provisória devolvida; Haddad anunciando uma coisa e Congresso fazendo outra; ministro sendo desmentido pelo presidente ou tendo a orelha puxada em público. De tudo um pouco – menos grandes vitórias.

    Mas, ao querer ir para o embate apenas nas pautas econômicas, o governo Lula acaba saindo derrotado duplamente e na maioria das vezes. E isso é um reflexo das dificuldades desse governo em impor sua própria agenda.

    Ao se esconder do embate público por medo da reação do Congresso ou do eleitorado, Lula perde inclusive onde poderia golear. O PL do Aborto é um exemplo claro disso.

    O assunto que tomou conta da sociedade é — e sempre foi — pauta dos governos do PT. Especialmente quando se vê o aborto como saúde pública e direito da mulher nos casos garantidos por lei.

    Porém, o temor de encarar o Congresso acuou o Planalto, que não só ajudou na aprovação da urgência para a tramitação do projeto, como, quando resolveu se posicionar, era tarde demais.

    Viver na retranca tem feito a popularidade de Lula despencar, assim como a credibilidade dentro dos seus fiéis eleitores. O que demonstra não só um governo assustado, mas especialmente sem saber como agir.

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