Jussara Soares

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Jussara Soares

Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

Venezuela: na OEA, Brasil defende necessidade de construir pontes

Com apoio brasileiro, organização aprovou resolução para o processo eleitoral venezuelano
Uma pessoa vota durante as eleições presidenciais na Escola Ecológica Bolivariana Simon Rodriguez em 28 de julho de 2024 em Fort Tiuna, Caracas, Venezuela. Os venezuelanos vão às urnas para a eleição presidencial entre Nicolás Maduro, o atual presidente, e o candidato da oposição Edmundo Gonzalez  • Jesus Vargas/Getty Images
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O Brasil defendeu na Organização dos Estados Americanos (OEA), durante a aprovação de uma resolução para a crise na Venezuela, a necessidade de o grupo recuperar a capacidade de contribuir para a solução de problemas na região e de ser capaz de "construir pontes e promover o diálogo."

Representante brasileiro na OEA, o embaixador Benoni Belli, em seu discurso, citou o exemplo a atuação da organização no processo de transição na Guatemala, em 2023. E defendeu a estratégia de negociação sem romper o diálogo.

"Tivemos o exemplo positivo da Guatemala no ano passado. Naquele caso, a OEA teve impacto positivo. E o teve porque houve engajamento com o Governo e a oposição. Porque não houve isolamento e, mais importante, porque se aplicou uma estratégia prudente sem romper o diálogo."

Em sua declaração, o diplomata que o tratamento dado à situação da Venezuela, desde 2018, tem impedido a OEA de 'apresentar-se como um ator que contribua para diminuir tensões e construir soluções na Venezuela, independentemente da adoção ou não de projetos de declaração ou resolução."

"Não se trata de uma questão menor. Se queremos que a organização recupere sua capacidade de contribuir para a solução dos problemas enfrentados na região, precisamos ser capazes de construir pontes e promover diálogo", disse Belli.

Com o apoio do Brasil,a OEA aprovou por consenso nesta sexta-feira uma resolução para o processo eleitoral na Venezuela.

A nova proposta, liderada pelos Estados Unidos, reforçou a cobrança pela divulgação das atas por seção eleitoral. Por outro lado, abriu mão da verificação externa do processo, o que permitiu o apoio brasileiro e de outros países que rejeitaram a primeira proposta em 31 de julho.

Na sessão do OEA, o embaixador brasileiro reiterou que o Brasil considera fundamental a apresentação pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela dos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho desagregados por mesa de votação. Porém, reafirmou a necessidade de uma verificação imparcial dos resultados.

"Partimos da premissa de que esse Conselho é o órgão a que corresponde, por mandato legal, a divulgação transparente dos resultados eleitorais. O Brasil reafirma a conveniência de que se permita uma verificação imparcial dos resultados, respeitando o princípio fundamental da soberania popular", disse.

O Brasil ainda enfatizou para que o regime de Nicolás Maduro e a oposição atuam com cautela e moderação. E apelou para que "as forças de segurança para que garantam o pleno exercício desse direito democrático dentro dos limites da lei."

"O respeito aos direitos humanos deve prevalecer em qualquer circunstância. Aproveitamos essa oportunidade para reiterar que seguimos à disposição para apoiar esforços de diálogo e a busca de entendimentos que contribuam à democracia e à estabilidade política na Venezuela", disse.