Venezuela: na OEA, Brasil defende necessidade de construir pontes
Com apoio brasileiro, organização aprovou resolução para o processo eleitoral venezuelano
O Brasil defendeu na Organização dos Estados Americanos (OEA), durante a aprovação de uma resolução para a crise na Venezuela, a necessidade de o grupo recuperar a capacidade de contribuir para a solução de problemas na região e de ser capaz de “construir pontes e promover o diálogo.”
Representante brasileiro na OEA, o embaixador Benoni Belli, em seu discurso, citou o exemplo a atuação da organização no processo de transição na Guatemala, em 2023. E defendeu a estratégia de negociação sem romper o diálogo.
“Tivemos o exemplo positivo da Guatemala no ano passado. Naquele caso, a OEA teve impacto positivo. E o teve porque houve engajamento com o Governo e a oposição. Porque não houve isolamento e, mais importante, porque se aplicou uma estratégia prudente sem romper o diálogo.”
Em sua declaração, o diplomata que o tratamento dado à situação da Venezuela, desde 2018, tem impedido a OEA de ‘apresentar-se como um ator que contribua para diminuir tensões e construir soluções na Venezuela, independentemente da adoção ou não de projetos de declaração ou resolução.”
“Não se trata de uma questão menor. Se queremos que a organização recupere sua capacidade de contribuir para a solução dos problemas enfrentados na região, precisamos ser capazes de construir pontes e promover diálogo”, disse Belli.
Com o apoio do Brasil,a OEA aprovou por consenso nesta sexta-feira uma resolução para o processo eleitoral na Venezuela.
A nova proposta, liderada pelos Estados Unidos, reforçou a cobrança pela divulgação das atas por seção eleitoral. Por outro lado, abriu mão da verificação externa do processo, o que permitiu o apoio brasileiro e de outros países que rejeitaram a primeira proposta em 31 de julho.
Na sessão do OEA, o embaixador brasileiro reiterou que o Brasil considera fundamental a apresentação pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela dos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho desagregados por mesa de votação. Porém, reafirmou a necessidade de uma verificação imparcial dos resultados.
“Partimos da premissa de que esse Conselho é o órgão a que corresponde, por mandato legal, a divulgação transparente dos resultados eleitorais. O Brasil reafirma a conveniência de que se permita uma verificação imparcial dos resultados, respeitando o princípio fundamental da soberania popular”, disse.
O Brasil ainda enfatizou para que o regime de Nicolás Maduro e a oposição atuam com cautela e moderação. E apelou para que “as forças de segurança para que garantam o pleno exercício desse direito democrático dentro dos limites da lei.”
“O respeito aos direitos humanos deve prevalecer em qualquer circunstância. Aproveitamos essa oportunidade para reiterar que seguimos à disposição para apoiar esforços de diálogo e a busca de entendimentos que contribuam à democracia e à estabilidade política na Venezuela”, disse.
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