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    Jussara Soares
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    Jussara Soares

    Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

    Venezuela concentra debate político brasileiro nas redes em meio à Olimpíada

    Menções à eleição venezuelana correspondem a quase um terço das discussões sobre governo Lula, aponta levantamento

    As eleições na Venezuela e suas repercussões mobilizaram o debate político brasileiro nas redes sociais.

    Levantamento da FGV Comunicação Rio, entre os dias 28 de julho a 2 de agosto, aponta que o processo eleitoral no país vizinho ocupou 29,9% das menções sobre o governo Lula no período.

    O volume de citações é considerado incomum para um debate internacional. O tema externo foi o de maior repercussão no Brasil desde fevereiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus pelo nazismo.

    Apesar do impacto do processo eleitoral venezuelano, a repercussão é três vezes menor do que o registrado durante o auge do embate entre Lula e o governo de Benjamin Netanyahu, segundo o relatório.

    Um dos motivos é que o debate político tem dividido as atenções com a Olímpiada de Paris. No período analisado, os jogos tiveram mais de 10 milhões de menções contra 3,7 milhões citações sobre o processo eleitoral venezuelano.

    A análise das redes aponta que a postura do governo brasileiro, que tem adotado a neutralidade em busca de diálogo com o regime de Nicolás Maduro e a oposição, tende a gerar pressões e danos à imagem, de acordo com o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, diretor da FGV Comunicação Rio.

    As cobranças são pela proximidade das reuniões do G20, que neste ano ocorrem no país, e por uma defesa enfática da democracia, após os atentados contra as sedes dos Três Poderes em 8 de Janeiro.

    Por outro lado, o presidente Lula que tem evitado se manifestar pessoalmente sobre a crise na Venezuela tem conseguido ficar menos em evidência de quanto protagonizou a crise com Israel.

    No debate digital, parte da esquerda segue defendendo o regime de Maduro, a exemplo do que fez a nota divulgada pelo PT que o reconheceu como presidente reeleito. O comunicado foi compartilhado pela presidente da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann.

    Porém, a narrativa fundamental da esquerda tem buscado a defender a posição do goveno Lula de se colocar como um potencial mediador para a solução do processo eleitoral venezuelano. Já a direita tem usado a questão para reaquecer o discurso do “sentimento de medo e perigo” ao fazer a associação entre o governo Lula e o regime Maduro.

    “A direita extrema vai sempre criticar, parte da esquerda vai sempre defender, mas tem todo um centro democrático, que vai desde uma direita mais democrática a uma esquerda não radical, que olha com perplexidade a situação. Afinal, Lula teve uma tentativa de golpe. Nos Estados Unidos, também teve. Então é meio inaceitável quando se tem a sensação é que se passa pano para a situação da Venezuela. Com isso parte da esquerda no Brasil fica encurralada”, diz Marco Aurélio Ruediger.

    Ainda segundo o sociólogo, a crise na Venezuela gera um problema significativo para a política externa brasileira

    “A nossa política externa é controversa, ela não é explicada para as pessoas. E nas redes o governo não explica claramente porque apoia A ou B, e por que está demorando tanto na questão do Maduro. Tem que se explicar”, diz Ruediger. “A memória da possibilidade um golpe é muito recente no Brasil. E as pessoas questionam como o Brasil não se posiciona contra Maduro, isso fica muito claro nas redes”.

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