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    Jussara Soares
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    Jussara Soares

    Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, passou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

    Lula é criticado por entidades de direitos humanos após dizer que não quer ficar “remoendo” golpe militar de 64

    Presidente ainda elogiou os atuais comandantes das Forças Armadas e disse que está tentando "reconstruir a fidelidade dos militares"

    A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o golpe militar de 1964 é história e que ele não quer ficar “remoendo” o passado causou a reação de entidades em defesa dos direitos humanos.

    Em nota assinada por 150 organizações que compõe a “Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação”, a fala do presidente é considerada “equivocada”.

    “Queremos começar destacando que falar sobre os 60 anos do golpe de Estado não se trata de remoer o passado”, diz o trecho da carta divulgada nesta quarta-feira (28). “Pelo contrário, trata-se de colocar em debate o que queremos para o futuro do Brasil.

    Em entrevista à RedeTV na terça-feira (27), Lula foi questionado sobre as eventuais celebrações nas Forças Armadas do golpe militar de 1964 que completa 60 anos no próximo dia 31 de março. Em resposta, o presidente disse que está “mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64” e que “isso já faz parte da história”.

    O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre. Ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente

    Luiz Inácio Lula da Silva

    Na mesma entrevista, Lula elogiou os atuais comandantes das Forças Armadas e disse que está tentando “reconstruir a fidelidade dos militares”.

    O presidente ainda destacou que, “em nenhum momento, os militares foram punidos como estão sendo agora” por causa da suposta trama golpista em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    “Em nenhum momento os militares foram punidos como estão sendo punidos agora. Em nenhum momento um general foi chamado pela Polícia Federal para prestar depoimento, coronel. Todos, todos que provarem que participaram serão julgados”, afirmou Lula.

    No comunicado, a Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia rebate a declaração do presidente, dizendo que não é possível discutir o 8 de janeiro sem abordar o golpe de 1964.

    “Repudiar veementemente o golpe de 1964 é uma forma de reafirmar o compromisso de punir os golpes também do presente e eventuais tentativas futuras”, diz a nota das entidades, entre elas o Instituto Vladmir Herzog e o Associação Brasileira de Imprensa (ABI).