EUA articula nova proposta sobre Venezuela na OEA
Brasil espera resolução mais "palatável", mas adesão depende de negociação
Os Estados Unidos lideram uma nova proposta de resolução sobre o processo eleitoral na Venezuela dentro da Organização dos Estados Americanos (OEA). O texto já circula entre embaixadores dos 34 países que compõem o colegiado regional.
A minuta é semelhante à resolução que foi rejeitada na semana passada, mas traz mudanças em trechos importantes que, na visão da diplomacia brasileira, pode tornar a proposta mais “palatável.”
De acordo com diplomatas com acesso ao texto, a nova proposta busca se aproximar do tom utilizado pelo comunicado conjunto publicado por Brasil, Colômbia e México. Os três países cobram a divulgação dos dados por mesa de votação do pleito que reelegeu Nicolás Maduro.
O texto também acrescenta novos parágrafos, citando a violação de direitos humanos e o contexto pós-eleitoral na Venezuela com a escalada de violência e tensão.
A proposta, porém, deve sofrer alterações com sugestões de países que, a exemplo de Argentina e Peru, querem uma resolução mais dura.
Embora o novo texto já esteja sendo apresentado aos embaixadores, os Estados Unidos ainda vão convocar as primeiras reuniões para analisar a proposta. Por ora, não há data para uma sessão no plenário da OEA.
Segundo a CNN apurou, o endosso do Brasil a uma nova resolução depende justamente da disposição dos países em negociar.
A primeira resolução da OEA sobre a Venezuela teve 17 votos a favor da resolução, 11 abstenções, nenhum contra e 5 delegações ausentes. Como não alcançou a maioria, o texto foi rejeitado.
Como mostrou a CNN, o Brasil se absteve por uma discordância da imposição de uma recontagem sob observação externa, sem uma negociar com o regime de Nicolás Maduro e com a oposição. Para a diplomacia brasileira, o ideal, neste momento, é seguir insistindo na divulgação dos dados desagregados por mesa de votação.
Na avaliação dos representantes brasileiros, isso poderia causar um estremecimento ainda maior das relações com a Venezuela e acabar interditando de forma definitiva a possibilidade de diálogo entre os dois países.