Cid será impedido de ser promovido se virar réu antes de abril
Ajudante de ordens tem última chance de se tornar coronel por tempo de antiguidade
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), deverá ser impedido de concorrer à promoção no Exército se a denúncia por participação na trama golpista for acatada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nas próximas semanas.
A última chance de Cid se tornar coronel é em 30 de abril deste ano. Se a primeira turma do STF decidir aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e Cid for tornado réu antes dessa data, o ex-ajudante de ordens ficará sub judice e, portanto, impedido de avançar na carreira.
Formado na turma de 2000 da Academia Militar das Agulhas Negras, Cid teve quatro oportunidades de ascensão na carreira a partir de abril do ano passado.
Nas três primeiras vezes, a promoção é por merecimento, que leva em consideração o desempenho acadêmico e a vida militar. Alvo de investigação e preso duas vezes, Cid foi preterido em relação aos colegas de turma.
Agora, a quarta e última chance de promoção ocorrerá pelo critério de antiguidade. Neste caso, segundo apurou a CNN, o ex-ajudante, se não tiver se tornado réu, deverá ser alçado ao posto de coronel.
Dentro do Exército, a eventual promoção de Cid, caso ele não vire réu, gera desconforto em meio à trama golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República.
Reservadamente, oficias-generais admitem que, se o STF aceitar a denúncia antes de abril, será um alívio para a Força. Contudo, se virar réu, mas acabar absolvido, ele poderá requerer uma promoção por ressarcimento no futuro.
Trajetória interrompida
Até se tornar ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid, um dos melhores alunos de sua turma e de trajetória de destaque na Força, era cotado para chegar até mesmo ao cargo de general.
Porém, sob investigação da Polícia Federal, foi preterido na promoção por mérito em razão do histórico conturbado. Cid ficou preso duas vezes e cumpre medida cautelar com o uso de tornozeleira eletrônica. Além de denunciado pela tentativa de golpe de estado, ele é investigado no caso da falsificação do cartão de vacina e venda das joias sauditas recebida pelo ex-presidente.
Outro ponto em desfavor de Cid é o fato de ele não ter ocupado postos de comando. Em janeiro de 2023, ele foi impedido pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva, de assumir o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO).
Como mostrou a CNN, o tenente-coronel Mauro Cid tenta evitar a expulsão do Exército. Na negociação do acordo de colaboração premiada, o ex-ajudante de ordens pediu o perdão ou uma punição com pena abaixo de dois anos em troca de fornecer informações.
Se o pleito for atendido pelo STF, Mauro Cid escapará da abertura de um processo de perda de posto e patente no Supremo Tribunal Militar (STM) e evitará sua expulsão da Força, mantendo também sua remuneração mesmo após passar para a reserva.