Anistia do 8 de Janeiro é humanitária, diz Bolsonaro após fala de Hugo
Presidente da Câmara dos Deputados questionou a interpretação de que episódio tenha sido uma tentativa de golpe de Estado
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a anistia dos presos nos atos do 8 de Janeiro é humanitária e não política. A declaração foi realizada após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), questionar a interpretação de que o episódio de 2023 tenha sido uma tentativa de golpe de Estado.
“Que Deus continue iluminando o nosso presidente Hugo Motta, bem como pais e mães voltem a abraçar seus filhos brevemente. Essa anistia não é política, é humanitária”, destacou Bolsonaro em mensagem enviada no WhatsApp.
Na última sexta-feira (7), o presidente da Câmara dos Deputados disse que o 8 de Janeiro não passou de uma ação provocada por “vândalos e baderneiros”, que queriam demonstrar revolta. Na avaliação do deputado, um golpe de Estado precisa ser coordenado por um líder para ser classificado dessa forma.
“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições. Foi uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora querer dizer que foi um golpe? Um golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas e não teve isso”, afirmou em entrevista à rádio Arapuan FM.
O projeto de lei (PL) da Anistia está parado na Câmara dos Deputados. Ao ser questionado sobre a possibilidade de pautar o PL, Hugo Motta ressaltou que não há uma decisão tomada.
O presidente da Casa disse que conversou com Bolsonaro sobre o tema e afirmou que o principal pedido do ex-mandatário é que a matéria seja apreciada pelos deputados. Durante a entrevista, Hugo reconheceu que a pauta divide opiniões na Câmara dos Deputados.
“Essa pauta divide a Casa e gera tensionamento com o Executivo e com o Judiciário, por isso nosso cuidado para falar sobre o tema. Eu não posso dizer que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar, será um tema que vamos analisar porque o diálogo tem que ser constante”, avaliou Hugo.
O parlamentar disse também que há “um certo desequilíbrio” nas condenações dos envolvidos, mas defendeu a necessidade de penalizar as pessoas que causaram danos ao patrimônio público.
“Você não pode penalizar uma senhora que passou na frente do palácio, não jogou uma pedra, receber 17 anos de pena em regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso”, completou Hugo.
“Temos que punir as pessoas que quebraram, essas pessoas precisam e devem ser punidas para que isso não ocorra novamente, mas entendo também que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta gravidade”, concluiu.