Análise: Denúncia da PGR mostra estratégia de cooptação de militares
Relatório da Procuradoria-Geral da República revela estratégia de pressão sobre comandantes e estímulo a oficiais para iniciativa golpista
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, nesta terça-feira (18) uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de liderar uma organização criminosa que visava um golpe de Estado. O documento, que também inclui o ex-candidato a vice-presidente de Bolsonaro, general Braga Netto, detalha uma série de ações que teriam sido realizadas para minar a democracia brasileira.
Segundo a denúncia, Bolsonaro e seus aliados “aceitaram, estimularam e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do estado de direito democrático”. Entre os eventos citados está a polêmica reunião com embaixadores, na qual Bolsonaro fez acusações infundadas sobre o sistema eletrônico de votação, ato que já resultou em sua inelegibilidade por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
O relatório da PGR descreve uma estratégia sistemática de cooptação de militares para a suposta tentativa de golpe. A denúncia menciona que houve pressão sobre o comandante do Exército e o Alto Comando, incluindo a formulação de cartas para “agitar os colegas”.
Um trecho do documento destaca: “A resistência dos comandantes custou-lhe o recrudescimento das campanhas de ódio por parte da organização criminosa por meios virtuais, sempre no intuito de demover os legalistas da posição contrária ao golpe e a estimular outros oficiais à iniciativa funista”.
A denúncia também aborda o papel do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo o procurador, embora Cid não tivesse poder decisório, ele desempenhava uma função crucial na transmissão de informações, atuando como um elo importante na suposta organização criminosa.