Análise: De olho em 2026, João Campos assume mandato que deve durar 15 meses
Reeleito com 78,11% dos votos válidos, prefeito de Recife busca consolidar a liderança política em um cenário de avanços da centro-direita no Brasil
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O prefeito de Recife, João Campos (PSB), toma posse nesta quarta-feira (1º) para um segundo mandato, que tem tudo para durar apenas um ano e três meses. Embora desconverse quando questionado sobre 2026, a candidatura ao governo de Pernambuco já foi colocada no roteiro para o jovem político.
O desafio do prefeito é justamente usar os cerca de 15 meses desse segundo mandato para se credenciar à disputa contra a governadora Raquel Lyra, que deve trocar o PSDB pelo PSD e tem buscado se aproximar do governo Lula.
Com apenas 30 anos, João Campos foi reeleito no primeiro turno com 78,11% dos votos válidos. Não bastasse o resultado recorde na capital pernambucana, a vitória expressiva ganhou ainda mais destaque em um pleito municipal no qual a esquerda obteve resultados tímidos diante do avanço da centro-direita no país.
Prefeito do Brasil mais seguido nas redes sociais, João Campos já é uma liderança que transcende os limites de Pernambuco. Em 2025, o herdeiro do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014 durante a campanha presidencial, deverá assumir o comando nacional do PSB.
Ao mesmo tempo, o prefeito recebe afagos públicos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem já declarou apoio em 2026. Lula já disse que Campos tem um “futuro político excepcional” e que ele segue o caminho do pai.
Todavia, enquanto pavimenta o caminho para voos mais altos, João Campos enfrenta o desafio de atender às demandas da população recifense e lidar com as cobranças dos adversários locais, que o acusam de investir em marketing e não enfrentar as questões urgentes da cidade.
O prefeito iniciará esse segundo mandato tendo que dar explicações ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), que apontou um superfaturamento de R$ 7,8 milhões na construção do Hospital da Criança, previsto para ser inaugurado no início de 2025. O caso foi revelado pelo portal Metrópoles.
A CNN procurou a defesa de Campos para se manifestar sobre o caso de superfaturamento, mas ainda não obteve resposta.
Campos ainda é cobrado pelo programa de gestão das creches. O tema foi explorado pelos adversários durante a campanha eleitoral, que apontaram irregularidades nos contratos.
Na lista de desafios, João Campos tem a missão de atacar problemas reais, como segurança pública e saneamento básico, além de dar andamento às promessas feitas durante a campanha nas áreas da saúde e assistência social.
Nesta quarta-feira (1º), João Campos toma posse para mais um mandato na prefeitura de Recife, ao lado do vice Victor Marques (PCdoB), que já está se preparando para a cadeira de prefeito.