Embaixada em Beirute mapeia brasileiros em zona de conflito
Líbano tem a maior comunidade brasileira no Oriente Médio, com 21 mil pessoas
Além de servir como preparativo para uma eventual operação de repatriação, o cadastramento feito Embaixada do Brasil em Beirute também tem como objetivo manter atualizados os dados de 21 mil brasileiros que vivem no Líbano.
As informações são necessárias, principalmente diante da escala do conflito. Uma nova onda de ataques aéreos israelenses atingiu o Líbano nesta quinta-feira (26).
O Líbano tem a maior comunidade brasileira no Oriente Médio, à frente de Israel, que tem 14 mil pessoas.
O grande número de brasileiros no Líbano aumenta a complexidade do trabalho da diplomacia. O preenchimento do formulário é voluntário, mas há uma forte recomendação das autoridades para que mantenham os dados atualizados principalmente diante da escalda do conflito.
Por exemplo, em caso de perda de contato com algum brasileiro, a embaixada pode fazer buscas em hospital e prestar assistência necessária.
O Itamaraty confirmou nesta quarta-feira (26) a morte do adolescente Ali Kamal Abdallah, de 15 anos.
O jovem estava trabalhando com o pai o irmão em uma pequena fábrica de produtos de limpeza da família, na região do Vale de Beqaa, quando foram atingidos por um ataque aéreo israelense.
O pai de Ali, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, tem nacionalidade paraguaia, também morreu no ataque. Um irmão que estava no momento do bombardeio sobreviveu.
Mohamed Kamal Abdallah, de 16 anos, teve ferimentos leves e está a caminho do Brasil acompanhado da irmã de 21 anos para reencontrar a mãe e familiares que vivem em Foz do Iguaçu (PR). A previsão é que eles cheguem na noite desta quinta-feira (26).
Em nota, o governo brasileiro declarou “profundo pesar” pela morte do adolescente brasileiro Ali Kamal Abdallah, de 15 anos.
“O governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, da morte, no Vale do Bekaa, Líbano, do adolescente brasileiro Ali Kamal Abdallah, de 15 anos de idade, natural de Foz do Iguaçu. O menor e seu pai, de nacionalidade paraguaia, foram atingidos por explosão como resultado dos intensos bombardeios aéreos israelenses na região, na segunda-feira”, afirma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
O texto também reitera condenação aos ataques aéreos israelenses contra zonas civis densamente povoadas no Líbano e o cessar imediato das hostilidades.
De acordo com o governo brasileiro, uma operação de repatriação do Líbano ainda não está em curso. Mas por determinação do Itamaraty a Embaixada em Beirute iniciou uma consulta na terça-feira (24) sobre o interesse de brasileiros em receber apoio do governo para deixar o país do Oriente Médio.
O comandante da Força Área Brasileira (FAB), Marcelo Damasceno, disse à CNN que a força está preparada para fazer uma eventual operação resgate brasileiros no Líbano, sob ataque de Israel.
A embaixada orientou também que brasileiros não façam viagem ao Líbano e recomendou que, residentes ou de passagem deixem o país, por meios próprios “até o retorno à normalidade.” Os aeroportos libaneses estão funcionando.
Outra recomendação é para aqueles que decidam permanecer do Líbano não fiquem “no sul do país, em zonas de fronteira ou em outras áreas de reconhecido risco.”
A Embaixada ainda orientou “adotar as indicações de segurança das autoridades locais, com atenção às áreas consideradas de risco”. E “reforçar medidas de precaução, especialmente no sul do Líbano, em zonas de fronteiras e em outras áreas de reconhecido risco”.