José Eduardo Cardozo

Blog

José Eduardo Cardozo

Comentarista da CNN. Advogado e professor de direito da PUC-SP e ESPM/SP. Mestre e Doutor em Direito, foi ministro da Justiça e Advogado-Geral da União no governo de Dilma Rousseff

Cardozo: Todo setor democrático deve postar-se contra o projeto da anistia

“Se nós tivermos uma situação de anistia nós teremos a possibilidade do que aconteceu se repetir e talvez até com mais contundência”

Compartilhar notícias

Eu acredito que todo setor democrático que vê a democracia da melhor forma possível, deve postar-se contra esse projeto da anistia, afirmou o comentarista José Eduardo Cardozo no programa O Grande Debate desta segunda-feira (14).

“Uma democracia que não se dá ao respeito não será respeitada. Se nós tivermos uma situação de anistia nós teremos a possibilidade do que aconteceu se repetir e talvez até com mais contundência", disse Cardozo.

As provas são claras, indiscutíveis, posso discutir aqui ou ali um certo ajuste de pena, uma desproporcionalidade, uma inadequação, mas, no geral, não é possível falar em anistiar quem fez o que fez ao longo desse processo que nós vivemos em relação à tentativa de golpe de Estado e derrubada do Estado de Direito”, prosseguiu.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolou o requerimento de urgência sobre o Projeto de Lei (PL) da Anistia. O texto conta com a assinatura de 262 deputados. Desses, 146 são de partidos do centrão que têm cargos na Esplanada dos Ministérios.

“O governo deve tratar isso como uma questão de princípio e como questão de princípio ele não pode concordar que membros da sua base efetivamente se alinhem com o campo oposto àquilo que é uma das principais bandeiras que não só traz o governo a campo, mas traz também a campo os setores democráticos que com ele se alinham. O governo deve chamar essas pessoas da sua base e indagar sobre o que está acontecendo”, continuou.

“Infelizmente nós vivemos em uma negociação chamada de presidencialismo de coalizão que eu acho desastrosa para o país. Eu prefiro um outro sistema, prefiro padrões de governabilidade diferenciados, mas infelizmente essa é a realidade que a gente tem. E, na realidade que nós temos, o governo não pode aceitar um desalinhamento tão grande da sua base em uma questão tão essencial como essa”, concluiu.