Cardozo: Quem está tramando golpe não avisaria ministro de outro governo
"Celso Vilardi é um dos mais brilhantes criminalistas que eu já conheci e ele tem que tentar tirar leite de pedra quando não tem diante de si argumentos melhores"
O presidente da República que trama um golpe de estado não vai anunciar para aquele que será ministro da Defesa do governo eleito, afirmou o comentarista José Eduardo Cardozo no programa O Grande Debate desta terça-feira (11).
“O que o ministro José Múcio fez? Na transição ele procurou um ex-colega seu de parlamento e disse ‘presidente Bolsonaro, será que você pode me permitir que os comandantes militares falassem comigo?’ e o Bolsonaro disse ‘claro, eu vou permitir’. O que esperavam que ele fizesse? Dissesse ‘olha, eu não vou permitir. Sabe por quê? Eu estou tramando um golpe de estado”, opinou.
“Alguém pode passar em boa lógica que o presidente da república que trama um golpe de estado vai anunciar o golpe de estado para aquele que será ministro da Defesa do outro governo eleito? É evidente que não, ele fala “não, evidentemente ministros falem com o José Múcio” e continua a trama”, prosseguiu.
O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, disse à CNN que pretende incluir trechos da entrevista do ministro da Defesa, José Múcio, ao programa Roda Viva da segunda-feira (11), na defesa do ex-presidente, caso ele seja denunciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na entrevista, Múcio contou que recorreu a Bolsonaro para que fosse recebido pelos então comandantes das Forças Armadas após o resultado da eleição presidencial de 2022.
Para Cardozo, “o doutor Celso Vilardi é um dos mais brilhantes criminalistas que eu já conheci na minha vida e ele tem que tentar tirar leite de pedra quando não tem diante de si argumentos melhores”, prosseguiu.
“Não se pode dizer que a PF trabalhou para legitimar nada, ela trabalhou sério. Posso discordar de conclusões aqui e ali, mas dizer que a PF está legitimando situações é perceber que seria uma polícia de quinta categoria, porque polícia que legitima coisa é de quinta categoria e a PF é de excelência”, ponderou.