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    Iuri Pitta
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    Iuri Pitta

    Jornalista, mestre em administração pública e governo e professor universitário. Atuou como repórter, editor e analista em coberturas eleitorais desde 2000

    Análise: SP pode dar a Tarcísio, em 26, colchão de voto que Lula teve na BA

    Genial/Quaest ajuda a traçar provável mapa da batalha por eleitores que, nas acirradas disputas de 2022 e 2014, fizeram diferença a favor dos petistas

    Dados da pesquisa Genial/Quaest sobre avaliação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e simulações de cenários eleitorais para 2026 começam a desenhar o mapa da disputa do próximo ano, tanto para o campo do lulismo/petismo quanto para a oposição. Se em 2022, fortalezas da esquerda, como a Bahia, e conquistas em capitais populosas e estados-chave como Minas Gerais foram determinantes para Lula barrar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), no ano que vem, São Paulo pode fazer a diferença para uma eventual candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

    Na última disputa presidencial, Lula venceu Bolsonaro pela menor vantagem desde a volta das eleições diretas, com menos de 2 pontos percentuais de diferença, ou 2.139.645 votos. Além da histórica força na região Nordeste, o petista superou o então presidente em capitais como São Paulo e Porto Alegre, e manteve a escrita de que quem leva a melhor no eleitorado mineiro ganha a corrida ao Palácio do Planalto.

    Foi na Bahia que Lula obteve a maior vantagem em total de votos sobre Bolsonaro, com 3.740.787 eleitores favoráveis ao atual presidente (71,12% ante 20,48% em votos válidos). Já o ex-presidente venceu bem no estado mais populoso do país, com vantagem de 2.696.705 eleitores paulistas (nos votos válidos, 55,24% a 44,76%).

    Pelos números da Quaest, Lula até conseguiria ampliar a vantagem na Bahia se a eleição fosse hoje, mas Tarcísio não conta com a mesma taxa de conhecimento entre os baianos que Bolsonaro tinha três anos atrás – 58% dizem não conhecer o governador de São Paulo no estado nordestino. Em outras palavras, há campo de batalha para Tarcísio avançar na Bahia, enquanto Lula depende da melhora na avaliação do governo.

    O que pesa contra Lula para 2026, e pode ajudar Tarcísio, caso o governador tome rumo diferente do que tem dito em público, é que dificilmente o atual presidente repetirá a trinca em estados que deram vitória a Bolsonaro (a não ser nas capitais), como São Paulo e Rio Grande do Sul. No primeiro, a Quaest dá 24 pontos de vantagem para o governador e, entre os gaúchos, há um empate técnico quase no limite da margem de erro, com Tarcísio 5 pontos à frente de Lula.

    Mais de 20 pontos de vantagem no maior colégio eleitoral do país, a depender do comparecimento de votantes, poderiam ser traduzidos em mais de 5 milhões de votos, o dobro do que Bolsonaro obteve em 2022 e que, pelos dados da Quaest, tampouco atingiria em 2026.

    Em Minas Gerais, onde Lula venceu Bolsonaro por 50,20% dos votos válidos a 49,80%, ou 49.750 eleitores, a Quaest novamente aponta empate técnico com Tarcísio numericamente à frente: 40% a 37% do total de votos, aproximadamente 52% a 48% convertidos em votos válidos, algo em torno de 4 milhões, tendo como base os resultados de 2022.

    Na outra disputa eleitoral acirrada, em 2014, o então candidato da oposição Aécio Neves (PSDB) conseguiu mais de 4 milhões de votos de vantagem sobre a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) em São Paulo, mas a derrota por mais de 400 mil votos em Minas Gerais e cerca de 3 milhões na Bahia praticamente anularam a vantagem do tucano – a presidente, na época, ainda venceu Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, estados que se mostram, hoje, difíceis para Lula reverter a desvantagem que sofreu já em 2022.

    Em síntese, ainda há tempo para as diferentes tropas eleitorais se mexerem até a campanha do ano que vem, mas já é sabido que, para a oposição, há uma janela de oportunidade em explorar a queda até agora inédita e expressiva de Lula na fortaleza histórica dele: os estados do Nordeste e as camadas socioeconômicas mais baixas nas capitais e grandes centros urbanos.

    Ao petista, não há outra saída a não ser tiro preciso no freio de arrumação, não só na comunicação do governo, mas na própria gestão, carente de marcas e da percepção de que está levando o país à direção certa.

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