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    Iuri Pitta
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    Iuri Pitta

    Jornalista, mestre em administração pública e governo e professor universitário. Atuou como repórter, editor e analista em coberturas eleitorais desde 2000

    Análise: pesquisa expõe a Lula necessidade de “novo Bolsa Família” até 2026

    A exemplo de 20 anos atrás, presidente entra no terceiro mandato com aprovação em queda, e busca marca para conter avanço da oposição

    Na semana passada, ao responder a críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter rido e estar tranquilo, porque olhou “o calendário e a eleição é só daqui a dois anos”.

    Nesta segunda-feira (3), a pesquisa Genial/Quaest com intenções de voto dos eleitores faz o petista manter o riso no rosto, mas a tranquilidade pode começar a ceder espaço para atenção aos números e cobrança de resultados dentro do governo.

    Os quatro cenários de primeiro turno testados – todos sem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, e é representado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – apontam Lula na frente, com o patamar histórico em torno de um terço do eleitorado brasileiro.

    A liderança se repete nas simulações de segundo turno, com vantagens que vão de 6 pontos percentuais (contra o cantor Gusttavo Lima, sem partido) a 19 pontos (ante o governador goiano Ronaldo Caiado, do União).

    O motivo de preocupação para o governo é a rejeição a Lula, neste momento, estar numericamente maior que o potencial de voto: 49% a 47%, respectivamente. Está dentro da margem de erro, mas a tendência de piora tem sido percebida desde o segundo semestre de 2023, pela avaliação de governo captada pela Genial/Quaest.

    Lula tem know-how de ressurreição eleitoral tanto dentro quanto fora do governo. No primeiro mandato, o presidente atingiu as menores taxas de aprovação em 2005, terceiro ano daquela primeira passagem pelo Planalto.

    Para recuperar popularidade e o favoritismo eleitoral, contou com cenário econômico favorável e, em especial, com o sucesso na implementação de políticas públicas como os programas Bolsa Família e o Luz para Todos, capazes de mudar a geografia do voto no Brasil: se Lula havia chegado pela primeira vez ao Planalto com votos em todas as camadas sociais e regiões do país, seria reeleito no ano seguinte principalmente impulsionado pelos votos do Nordeste e dos segmentos de menor renda e escolaridade.

    Vem daí o motivo da atenção e cobrança por resultados dentro do governo, sintetizada pela nomeação de Sidônio Palmeira como ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da gestão petista.

    Sem um “novo Bolsa Família” ou o equivalente a um Luz para Todos, que ampliaram a renda e deram acesso a um insumo básico como eletricidade a dezenas de milhões de pessoas, e um ambiente externo mais hostil com o governo Donald Trump nos EUA e a China em crescimento mais lento, a recuperação da popularidade não será tão certa quanto há 20 anos.

    Pode ser esta a janela de oportunidade da oposição. A direita tem como missão tampouco simples filtrar os tantos potenciais candidatos colocados e fazer desse ou desses nomes alternativas viáveis ao atual governo.

    Em outras palavras, convencer eleitores e partidos que navegam ao sabor do vento que o barco da mudança será mais promissor que o da continuidade.

    Tanto governo quanto oposição terão um 2025 de muito trabalho e articulação pela frente.

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