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Análise: Lira convoca governo Lula para reposta sobre emendas
Passou a ser uma tarefa, como definiu Lira, de mais quatro ou cinco ministérios do governo Lula
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Em pouco mais de três minutos de um pronunciamento bastante atípico, entre o Natal e o Ano Novo, o presidente da Câmara fez algo ainda mais inusitado: deixou tarefas para ministros e secretários do governo ajudarem a resolver o imbróglio das emendas de comissão, objeto de inquérito da Polícia Federal.
O recado é claro: essa conta não vai cair só no colo da Câmara. E isso foi dito depois de uma conversa com o próprio presidente da República.
Ao falar sem responder a perguntas dos jornalistas, Arthur Lira não esclareceu em que momento as comissões, a quem caberia indicar a destinação de mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares, tomaram essa decisão. Decisão deliberada por líderes partidários durante as votações do pacote fiscal.
O que Lira deixou muito claro é que tudo foi feito com conhecimento e anuência dos articuladores do Planalto e dos ministérios que lidam com o orçamento.
Não se tem dúvida de que era necessário suspender as comissões, que ao longo do ano se tornaram palco de lives e lacrações de parlamentares, para dar prioridade aos projetos de ajuste das contas públicas.
O que se tem dúvida é se um consórcio entre governo e Congresso quis dar um jeitinho de burlar o que determinava uma decisão do STF.
O fato novo é: esclarecer o processo de decisão dessas emendas deixou de ser obrigação apenas da Câmara.
Passou a ser uma tarefa, como definiu Lira, de mais quatro ou cinco ministérios do governo Lula.