O cenário da corrida pela Prefeitura de São Paulo se consolida em uma disputa acirrada entre o deputado Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), como mostra a primeira pesquisa Atlas/CNN no maior colégio eleitoral do país.

Mas o levantamento também traz uma série de relevantes indicativos para o futuro da polarização política nacional e o potencial da terceira colocada na pré-campanha, a deputada Tabata Amaral (PSB).

A exemplo de outras pesquisas, há um avanço considerável nas intenções de voto do prefeito desde o início deste ano eleitoral. Esse é o copo meio cheio de Nunes, que se tornou mais conhecido e passou a ser o nome diretamente associado após a expressão “prefeito de São Paulo”.

Mas o copo meio vazio apontado pela pesquisa da Atlas é o pior saldo na comparação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O prefeito é aprovado por 36% dos paulistanos, mas desaprovado por 57%, resultando em saldo negativo de 21 pontos percentuais. O presidente tem -3 p.p. (46% a 49%), e o governador é o único com resultado positivo, de 5 pontos (50% a 45%).

Saúde (-40 p.p.), educação (-35 p.p.) e obras públicas (-32 p.p.) são as três áreas mais mal avaliadas da atual gestão, embora a criminalidade seja apontada por cerca de 2 em 3 paulistanos como os maiores problemas que afetam a cidade – uma responsabilidade do governador, e não do prefeito.

Ao avaliar a imagem dos principais agentes políticos conhecidos dos paulistanos, a pesquisa traz outro sinal do quanto a rivalidade entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) parece começar a ficar no passado.

Enquanto o atual presidente tem imagem positiva para 45% dos moradores de São Paulo e negativa para 52% (saldo de -7 pontos), esse mesmo indicador vai a -23 pontos percentuais em relação ao ex-presidente – Bolsonaro é bem-visto por 38% dos paulistanos e malvisto por 61%.

Nesse recorte, Boulos surge com rejeição de 53% dos paulistanos e imagem positiva de 41%. O saldo negativo de 12 pontos só não soa tão desanimador porque Nunes, nesse cálculo, está com -20 p.p. (36% de imagem positiva e 56%, negativa).

Apenas duas personalidades políticas se destacam nessa lista e tem saldo positivo: o já mencionado Tarcísio, com 9 pontos percentuais, e Tabata, com 5.

A preços de hoje, o governador já começa a ocupar o espaço de principal opositor de Lula e da esquerda entre o maior eleitorado municipal do país – e talvez possa ser um aliado melhor para o prefeito do que o ex-presidente. E mesmo que não consiga romper a disputa Boulos-Nunes, Tabata tem outras casas além do tabuleiro de 2024 para avançar na política de São Paulo – e, quem sabe, do Brasil.