Rachada, bancada evangélica tenta manter tradição para escolha de líder
Presidente será eleito nesta terça-feira (25); escolha normalmente ocorre por aclamação, quando há acordo entre deputados e senadores


De forma inédita, a Bancada Evangélica do Congresso Nacional corre o risco de romper uma tradição: a de escolher seu líder por meio de um processo eleitoral, e não por aclamação, quando há acordo entre os integrantes — como já ocorre normalmente.
Três deputados federais colocaram os nomes para votação: Gilberto Nascimento (PSD-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Greyce Elias (Avante-MG). A parlamentar é a primeira mulher a ir até o fim na tentativa de liderar a bancada. A eleição para escolher o líder da bancada está marcada para esta terça-feira (25).
A falta de consenso por um nome pode ser explicada por uma divisão já conhecida do eleitorado brasileiro: a polarização política entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O cenário político promove um “racha” entre os deputados e os senadores da Frente Parlamentar Evangélica.
Com maior potencial de votos, Gilberto Nascimento é atrelado ao bolsonarismo e tem o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), como padrinho. Já Otoni de Paula é visto como um nome mais atrelado ao presidente Lula, embora ele evite o selo de governista.
Em outubro do ano passado, Otoni esteve em uma cerimônia no Palácio do Planalto e orou pelo presidente Lula. O parlamentar era conhecido por defender o governo Bolsonaro.
Alguns interlocutores da bancada evangélica defendem que 60% dos parlamentares conversem com o Planalto.
As divisões entre os candidatos também refletem as expectativas sobre a eleição programada para esta terça. Há quem aposte que como nunca houve necessidade de votação antes, será possível tentar chegar a um consenso em reuniões ao longo do dia para cumprir a tradição da escolha por aclamação. Outros ponderam que não há clima para isso e que a expectativa é “ir para o voto”.
Caso a eleição não ocorra por aclamação, a votação será secreta, o que pode dificultar a previsibilidade do cenário e projeções de apoios.
A Frente Parlamentar Evangélica é composta por 126 deputados e 16 senadores de diferentes partidos. Eles não são obrigados a votar. O processo deve utilizar urnas eletrônicas e está marcado para as 17h.