Planalto prega cautela sobre denúncia da PGR contra Bolsonaro
Barulho político deve ser liderado por base no Congresso. Segundo a PGR, ex-presidente tinha papel de liderança numa organização criminosa que praticou atos contra a democracia


O Palácio do Planalto prega o modo cautela em relação a comentários sobre a denúncia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposto envolvimento em uma trama golpista para impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumisse o poder.
Ministros têm adotado discrição sobre o assunto, ainda que internamente comemorem o envio da peça. Auxiliares do presidente falam em “bom senso” e em “não politizar” o assunto por se tratar de um “tema de justiça”.
A artilharia mais pesada para desgastar a oposição é esperada no Congresso Nacional. Governistas veem uma janela de oportunidades para o presidente Lula, que enfrenta uma crise de popularidade.
Cenário político
Segundo governistas, Lula agora fica mais livre para tocar políticas públicas enquanto o debate sobre Bolsonaro vai ser o centro dos debates neste primeiro semestre.
A base aliada aposta no desgaste do ex-presidente, mas petistas considerados mais “pé no chão” avaliam que isso não elimina as dificuldades atuais com as quais o presidente Lula precisa lidar. Isso porque o problema político está dado e a solução passa por construir uma agenda que chegue ao brasileiro de baixa renda, e que repercuta em uma mudança de política mais ativa.
Impactos maiores, no entanto, são esperados para quando o processo de denúncia contra Bolsonaro estiver perto de um desfecho no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um ponto relevante das análises feitas internamente por membros do PT, com foco em 2026, passa ainda por entender como Bolsonaro irá se portar no processo eleitoral. Na avaliação de petistas, o ex-presidente alimenta uma expectativa irreal de retornar ao poder. Se Bolsonaro optar por deixar o cenário e escolher um novo candidato, isso complicaria a vida de Lula.