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    Uribe tem duas paixões: política e café. Cobriu 4 presidentes e 4 eleições presidenciais. E acorda todo dia às 5h da manhã para trazer em primeira mão os bastidores do poder

    Análise: o bolero governista de Alcolumbre e Motta

    Parlamentares chegam neste sábado como favoritos, para a sucessão do Senado e da Câmara, porque souberam dançar conforme a música do Palácio do Planalto: dois passos para a direita, dois passos para a esquerda

    Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB) não têm apenas em comum o favoritismo nas disputas deste sábado (1º) aos comandos do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

    Nas respectivas trajetórias políticas, os dois souberam dançar conforme o bolero regido pelo Palácio do Planalto: dois passos para a direita, dois passos para a esquerda.

    Um pragmatismo que conseguiu unir, no mesmo arco de aliança, o PT e o PL, Lula e Bolsonaro, radicais e moderados. Uma composição conquistada pelo senso de oportunidade de ambos.

    Com a vitória de Jair Bolsonaro, em 2018, Alcolumbre, na época um senador pouco experiente do Amapá, vislumbrou uma oportunidade em meio a um Senado Federal atordoado com a vitória da “nova política”.

    O político, até ali de centro, uniu-se ao então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e convenceu Bolsonaro a apoiá-lo. Em uma eleição surpreendente, venceu o experiente senador Renan Calheiros (MDB-AL).

    Em dois anos, Alcolumbre fez avançar pautas da direita, como a agenda econômica de Paulo Guedes, e caiu nas graças de Bolsonaro, que chegou a avaliar a nomeação dele na Esplanada dos Ministérios.

    Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022, o ex-aliado de Jair Bolsonaro mudou o passo. Antes mesmo de o petista assumir o Palácio do Planalto, Alcolumbre tornou-se relator da PEC da Transição, ajudando a aprovar uma brecha para o aumento do Bolsa Família.

    O gesto agradou o presidente petista, que fez questão de nomear dois indicados de Alcolumbre para postos ministeriais. Desde então, o senador tornou-se defensor de Lula e passou a votar a favor de pautas do governo de esquerda.

    Uma trajetória semelhante teve Motta. O parlamentar ficou conhecido nacionalmente por ser um “Cunha Boy”: tropa de choque de Eduardo Cunha (Republicanos-RJ), algoz de Dilma Rousseff (PT).

    Motta presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que investigava irregularidades na empresa estatal durante a gestão petista, e votou pelo impeachment da então presidente.

    Nos anos seguintes, Motta fez parte da base aliada, tanto de Michel Temer como de Jair Bolsonaro. Com a vitória de Lula, o então deputado de direita se declarou “independente”.

    Com o tempo, no entanto, mudou o compasso. Tornou-se aliado do governo petista, ajudando a articular medidas de interesse da gestão de esquerda, e amigo do ministro Alexandre Padilha.

    O perfil pragmático de Alcolumbre e de Motta gera receio no Palácio do Planalto. Da mesma forma que eles se aproximaram da esquerda, o temor é de que retornem para a direita, caso o governo petista passe por maus bocados.

    Para isso, o conselho dado ao presidente tem sido o de não deixar cair o ritmo das emendas parlamentares, para que o bolero governista de Alcolumbre e de Motta não desequilibre para o lado da oposição.

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