Entenda a estratégia “flood the zone” adotada por Trump
Modelo, também usado por Bolsonaro, consiste em manter a oposição ocupada e em modelo reativo


Em seu primeiro dia de volta à Casa Branca, o presidente Donald Trump assinou uma série de decretos, incluindo o perdão aos invasores do Capitólio e a deportação em massa de imigrantes ilegais.
As medidas polêmicas, algumas delas contestadas e derrubadas judicialmente, são anunciadas desde então quase que diariamente, pautando as reações de líderes mundiais e as discussões nos veículos de comunicação.
O modus operandi do presidente americano faz parte de uma estratégia aplicada em seu primeiro mandato por orientação de seu ex-conselheiro Steve Bannon, considerado guru da direita mundial.
Ela é chamada de “flood zone”. Em tradução literal, seria “inundação”. Ou seja, criar polêmicas diárias para desorientar a opinião pública e pautar os críticos ao seu governo.
Em resumo, a ideia seria direcionar a atenção de todos para uma polêmica superficial enquanto não se atentam ao que realmente importa.
A estratégia foi bem sucedida durante o início do primeiro mandato de Trump, mas perdeu força em meio à pandemia do coronavírus, que concentrou a atenção do mundo por pelo menos dois anos.
A mesma estratégia, inspirada em Bannon, foi reproduzida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil. A pandemia do coronavírus, no entanto, ofuscou o esforço de desorientar a oposição.
Em seu segundo mandato, em meio ao arrefecimento do coronavírus, Trump voltou a adotar a estratégia, que até agora vem sendo bem-sucedida.
Diariamente, autoridades mundiais têm respondido a uma polêmica diária do presidente americano: o tarifaço ao México e ao Canadá, a expulsão de militares transgêneros do Exército e, agora, a realocação de palestinos em países árabes.
As discussões ocorrem em meio à dificuldade de Trump de criar um plano para derrubar a inflação do pais, hoje em 2,9%. A meta do Fed é levar a inflação para 2%.