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    Gilvan Bueno
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    Gilvan Bueno

    Especialista em finanças, mercado de capitais e educação financeira. Foi sócio e gerente educacional no mercado financeiro. Trabalhou em bancos de investimentos e corretoras. Foi palestrante no Fórum Global South Financiers 2025, realizado em Beijin, China.

    CNN Brasil Money

    Não é sobre tarifa, é sobre dívida pública

    Dívida pública dos Estados Unidos é de aproximadamente US$ 36,56 trilhões

    Em 1960, a participação dos Estados Unidos no Produto Interno Bruto (PIB) mundial era de cerca de 40%. Nos últimos anos, esse percentual diminuiu para aproximadamente 24% em 2019.

    Contudo, o que aumentou foi a dívida pública dos Estados Unidos que está aproximadamente em US$ 36,56 trilhões.

    Desde o ano fiscal de 2002, a economia americana têm registrado déficits orçamentários anuais, totalizando 23 anos consecutivos de déficit até o ano fiscal de 2024. O último superávit ocorreu no ano fiscal de 2001.

    Historicamente, desde 1901, os EUA registraram superávits orçamentários em apenas 13 anos.

     

    Esses déficits são construídos pelos gastos obrigatórios com programas como a Seguridade Social, Medicare e Medicaid, além de despesas com defesa e pagamento de juros da dívida pública.

    Essa diferença entre entre receitas e despesas federais são acarreta no crescimento da dívida pública ao longo das décadas.​

    Atualmente, os EUA gastam US$ 881 bilhões no pagamento de juros da dívida nacional, isso custa 3,2% do PIB.

    Para o ano fiscal de 2025, projeta-se que os pagamentos de juros alcancem US$ 952 bilhões, indicando um aumento de 8% em relação ao ano anterior.

    As projeções apontam para um crescimento contínuo desses custos, podendo ultrapassar US$ 1 trilhão em 2026 e atingir quase US$ 1,8 trilhão até 2035.

    Esse aumento nos pagamentos de juros é impulsionado por dois fatores principais:​

    • Crescimento da dívida pública: A dívida federal dos EUA atingiu US$ 35,5 trilhões ao final do ano fiscal de 2024, refletindo um aumento de US$ 2,3 trilhões em comparação ao ano anterior;
    • Elevação das taxas de juros: O aumento das taxas de juros, como a taxa dos títulos do Tesouro de 10 anos, que subiu de 1,1% para 5,0%, resultou em maiores custos de financiamento da dívida.

    Ao investigarmos a estrutura da dívida e os caminhos para reduzá-la, existem dois caminhos óbvios:

    1.  é fazer um ajuste fiscal nas contas públicas, por isso, nós presenciamos o nascimento do DOGE;
    2. atacar o problema do déficit em conta-corrente.

    Quando os Estados Unidos importam mais do que exportam (em bens, serviços e rendas), e o dinheiro que sai do país é maior do que o que entra, isso gera um déficit em conta-corrente. Leia-se, o país está gastando mais com o mundo do que está recebendo.

    Segundo os últimos dados do Bureau of Economic Analysis, o déficit em conta-corrente dos EUA foi de US$ 983 bilhões em 2023, equivalente à cerca de 3,6% do PIB.

    Quando presenciamos as tarifas penalizando a China em 34%, precisamos lembrar do crescimento econômico acelerado de países emergentes, especialmente a China e os países asiáticos, que aumentaram significativamente em participação na economia global.

    Lembre-se, em 2024, a China registrou um superávit em conta-corrente de aproximadamente US$ 422 bilhões, representando cerca de 2,2% do PIB do país.

    Após essa contextualização, faça uma conta hipotética e simples: US$ 442 bilhões do superávit da China + US$ 881 bilhões em juros da dívida = US$ 1,3 trilhão.

    Pensando de maneira rápida e simples, resolvendo este dois problemas as coisas se acertam, mas sabemos que as coisas não são mais assim numa economia globalizada. E que as empresas criam uma diversificação produtiva para reduzir custos logísticos e tarifários.

    Nos últimos 80 anos, presenciamos duas novas ordens mundiais, a que foi feita pelo presidente Roosevelt ao colocar o dólar como a principal moeda a ser utilizada pelo mundo e Nixon ao encerrar a paridade dólar ouro.

    Donald Trump está realizando uma nova ordem econômica com a visão de estimular o consumo dos Estados Unidos e buscar uma forma hard power de reduzir o endividamento americano.

    No final, nos próximos meses presenciaremos os EUA enfrentando desafios relacionados ao financiamento de déficits, enquanto China e Alemanha precisam equilibrar suas economias para reduzir a dependência de exportações e estimular a demanda interna.​

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