Posso voltar para a sala de aula. Ela está sempre ali para mim, diz Haddad
Em uma das mais difíceis semanas do ministro da Fazenda, ele diz que lecionar é “meio que voltar para casa”
Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, foi e pode voltar a ser professor universitário. “Eu posso voltar para a sala de aula daqui a um ano, daqui a dois, daqui a dez. A sala de aula está sempre ali para mim”, disse em palestra sobre empreendedorismo do Instituto Conhecimento Liberta, o ICL, em São Paulo.
Em uma das mais difíceis semanas do principal nome da equipe econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro disse que “voltar para a sala de aula é voltar meio que para casa”. Haddad tem sido alvo de dúvidas crescentes sobre a capacidade de melhorar a situação das contas públicas.
“Desde que eu entrei na política, faz 24 anos, quando eu faço o check-in no hotel, tem lá: profissão. Eu boto professor”, disse o ministro, que foi interrompido por aplausos da plateia. “Eu nem sei o que eu poria no lugar de professor. Eu não sou político profissional, não sou ministro. Sou professor. Então, para mim, voltar para a sala de aula é voltar meio que para casa”, concluiu.
As declarações de Haddad sobre a docência foram dadas durante a sessão de perguntas e respostas da plateia.
A questão que gerou a discussão sobre o professor Haddad foi sobre o que ele consumia culturalmente “fora do papel de ministro”. Respondeu, então, que gosta de cinema e música. E, na literatura, as ciências sociais são o tema preferido – e citou a filosofia, a sociologia, a economia e a antropologia.
“Quando você tem compromisso com a docência, eu tenho que, no meu tempo livre, cobrir a literatura que vai me tornar um professor melhor”, explicou.
Esse processo de aperfeiçoamento como professor decorre de uma reflexão do próprio Fernando Haddad. “Que filósofo ainda não li? Que sociólogo ainda não passei em revista? Que antropólogo importante eu ainda não conheço, que psicólogo? Então, eu geralmente pego esse autor em que estou meio descoberto e compro quatro ou cinco livros do cara e leio”, disse.
Os livros já foram tema de uma bronca pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O Haddad, em vez de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara”, disse o presidente em uma cerimônia em abril, quando cobrou vários nomes do primeiro escalão para melhorarem o relacionamento com o Congresso Nacional.