Azul renegocia US$ 600 mi após alta do dólar e fechamento de Porto Alegre, diz CEO
John Rodgerson disse à CNN que conversas com credores começaram há três semanas e recepção tem sido positiva
A Azul negocia a repactuação de US$ 600 milhões em dívidas que vencem ao longo dos próximos três anos. O esforço começou há três semanas especialmente diante da disparada do dólar e do fechamento do aeroporto de Porto Alegre. A recuperação judicial não é uma hipótese na mesa da empresa, disse o CEO John Rodgerson.
“A desvalorização cambial afeta o nosso setor e Porto Alegre, que é 10% do mercado do Brasil, está fechado há seis meses. Isso afeta o nosso nível de caixa, nossa receita. Então, o que nós começamos a fazer? Há três semanas, começamos a falar sobre levantar um novo canal”, disse Rodgerson à CNN.
O CEO da Azul explica que o foco das tratativas são os US$ 600 milhões – cerca de R$ 3,3 bilhões – em compromissos que vencem ao longo dos próximos três anos. “Não estão vencendo agora. É parcelado ao longo dos próximos três anos”, disse.
Apesar de reconhecer que a empresa foi prejudicada com fatos conjunturais – dólar e Porto Alegre, o executivo argumenta que essa renegociação não deveria gerar surpresa entre os credores. “Sempre falamos que nós íamos quitar isso com um pedaço de equity (ações). Então, esse sempre foi o plano. O que nós fizemos é que antecipamos uma conversa”.
“Ninguém achava que o dólar seria R$ 5,60. Chegou a R$ 5,81 no mês passado. Ninguém tinha previsto isso. E quando o cenário muda, chamo o parceiro para renegociar. É como sempre fizemos”, disse.
Questionado sobre a receptividade das negociações, o CEO da Azul diz que elas têm sido frutíferas – ainda que nada tenha sido anunciado até agora. “Eu tenho cinco empresas são 95% desse compromisso. E apenas um deles é 58%. Eu já estive em conversas com o CEO de cada empresa explicando o que está acontecendo”, disse. “Estou animado porque já conversei e (a renegociação) está indo para a frente como esses caras”.
Sobre a queda de cerca de 50% do valor das ações da empresa nos últimos 30 dias, Rodgerson diz que a empresa aérea trabalha para proteger os acionistas. “Estamos chamando todo mundo para a mesa para antecipar qualquer problema que poderia existir no futuro. Essa é o nosso papel”, disse.