A tentativa de assassinato de Donald Trump aumenta as chances de vitória do republicano. Essa é a leitura predominante do mercado financeiro, que já se posiciona para uma eventual troca na Casa Branca. Plataformas de aposta indicam que a probabilidade de vitória de Trump já alcança 68%.

Dados do PredictIt, projeto da Victoria University of Wellington, indicavam – antes do discurso de Trump no sábado – chance de vitória de 59% do republicano. Logo após os tiros, a probabilidade começou a crescer: atingiu 65% nas 24 horas seguintes e hoje, segunda, já opera em 68%.

Plataformas desse tipo são cada vez mais usadas por analistas e economistas como um dos parâmetros para avaliar possibilidade de ocorrência de fatos políticos.

O PredictIt é um projeto que conta com apoio da Aristotle, uma provedora dos EUA de processamento e verificação de dados. A plataforma – que recebe apostas em dinheiro – opera sob as regras da Comissão de Negociação de Futuros de Mercadorias (CFTC, na sigla em inglês) do governo dos EUA desde outubro de 2014.

Menos impostos e desregulamentação

“A chance de eleição de Donald Trump aumentou drasticamente. Isso pode significar uma mudança para um comportamento mais aberto ao risco nos mercados, com expectativa de maior crescimento em 2025 diante de impostos menores e uma política mais amigável aos negócios”, cita Christian Gattiker, chefe de análise do banco suíço Julius Baer, em relatório aos clientes.

Economistas citam que uma eventual vitória de Trump deve resultar em repetição de políticas adotadas pelo republicano. Além do corte de impostos, também há expectativa de desregulamentação de setores, como os criptoativos. Isso explica a alta de quase 10% do bitcoin nesta segunda-feira.

Outro tema que teria flexibilização das regras é o ambiental. Isso pode atrasar a transição energética da maior economia do mundo. Ao mesmo tempo, seria favorecida a indústria do petróleo.

Há, ainda, expectativa de que eventual vitória de Trump reacenda disputas entre EUA e estrangeiros. Nesse tema, a disputa comercial entre EUA e China é o item mais lembrado. Também há expectativa de regras mais rígidas para o emprego de trabalhadores estrangeiros.

“A bandeira do ‘America First’ tem como ênfase a produção industrial doméstica e a redução da dependência de importações.

A volta dessa política provavelmente teria a adoção de impostos para produtos estrangeiros e incentivos para que empresas voltem a produzir nos EUA”, cita Nigel Green, CEO da consultoria britânica deVere Group, em análise enviada aos clientes.

Caso haja restrição à entrada de produtos chineses e ao uso da mão de obra estrangeira, os preços na economia norte-americana devem ser pressionados para cima.

Com mais inflação, é possível que haja necessidade de juros mais elevados no médio prazo.Mesmo com esse risco, Nigel Green cita que os investidores já estão se posicionando para tentar aproveitar essa maior possibilidade de mudança nas políticas econômicas.