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    Fernando Nakagawa
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    Fernando Nakagawa

    Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

    CNN Brasil Money

    Medo em Harvard e no MIT após EUA revogarem visto de mais de 500 estudantes

    Alunos citam que alguns colegas tiveram o visto cancelado por motivos aparentemente banais

    Cambridge, nos arredores de Boston, é uma das cidades universitárias mais vibrantes do mundo. Ter a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) separados por poucos quarteirões cria um ambiente único que mistura história e vanguarda.

    O clima entre os estudantes estrangeiros, porém, é muito diferente: atualmente, prevalece o medo.

    Nas últimas semanas, 12 alunos de Harvard tiveram o visto revogado pelo governo Donald Trump. É um dos grandes assuntos da cidade. A retirada desse grupo de alunos, porém, parece ser apenas a ponta do iceberg.

    A CNN Internacional apurou que pelo menos 529 pessoas ligadas à vida acadêmica nos EUA tiveram vistos revogados. O número foi obtido com a análise de decisões judiciais, processos e comunicados de universidades.

    O grupo é composto por alunos, corpo docente e pesquisadores em 88 diferentes instituições de ensino no país.

    Em Cambridge, essas notícias geraram uma onda de medo. Estudantes citam que alguns colegas tiveram o visto cancelado por motivos aparentemente banais, como o atraso na entrega de documentos ou a falta de uma ou outra informação nos formulários oficiais para a imigração.

    Um dos casos foi de Kseniia Petrova, cidadã russa e pesquisadora da Escola de Medicina de Harvard. Ao voltar de uma viagem à Europa, ela não declarou embriões de rã que trazia na mala para a pesquisa. Ao invés de receber uma multa – que é o protocolo padrão, o visto foi revogado e ela foi detida.

    As explicações oficiais, porém, são minimizadas pelos alunos e pesquisadores estrangeiros.

    O corpo acadêmico teme que esses argumentos sejam apenas um subterfúgio para retirar dos EUA pessoas que apoiam pautas contrárias ao governo Trump, como o apoio ao Estado Palestino.

    Por isso, há relatos de estudantes que mudaram de endereço, apagaram conteúdo das redes sociais ou do celular, e outros que têm evitado deixar o país para não ter de passar, na volta, pela imigração dos EUA.

    Bilhões de dólares ameaçados

    A cassação dos vistos é só mais um capítulo da onda de más notícias da vida acadêmica nos EUA. Desde que chegou à Casa Branca, o governo Donald Trump tem alterado parâmetros para o financiamento das universidades com a ameaça de retirada do financiamento público.

    Só em Harvard, são US$ 9 bilhões em verbas federais em jogo que poderão deixar de ser repassados à Universidade.

    Novamente, não é apenas uma questão na cidade universitária de Cambridge. Vários reitores de grandes instituições de ensino dos EUA receberam, nas últimas semanas, cartas de Washington com pedidos para mudança de regras e políticas de suas instituições de ensino.

    Os pedidos vão desde a exigência do fim de programas educacionais acusados de antissemitismo até uma nova governança administrativa das universidades. A lista de exigências passa também pela proibição de máscaras – já que o acessório tem sido usado para evitar a identificação de pessoas em protestos nas universidades.

    As cartas vêm com a lembrança de que “contribuintes dos EUA investem enormemente em faculdades e universidades dos EUA”.

    Outras escolas também receberam a mesma carta com pedidos de igual natureza. Princeton e Brown têm cerca de US$ 1 bilhão em repasses, cada. Columbia e Universidade da Pensilvânia são outras instituições que podem perder recursos.

    “Esses fundos são um investimento e, como qualquer investimento, são baseados no desempenho do receptor, não devidos como uma questão de costume ou direito. É responsabilidade do governo federal garantir que todos os receptores sejam administradores responsáveis dos fundos dos contribuintes”, cita trecho da carta enviada à Harvard.

    Colaboraram Andy Rose e Caroll Alvarado, da CNN.

    A CNN viajou a convite da Brazil Conference.

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