Análise: Haddad quer correção histórica com novo IR
Ministro da Fazenda planeja isenção para quem ganha até R$ 5 mil e aumento de impostos para rendas superiores a R$ 50 mil mensais
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou uma proposta de reforma no Imposto de Renda (IR) que visa corrigir uma distorção histórica no sistema tributário brasileiro. A medida pretende tornar o imposto mais progressivo, fazendo com que os mais ricos paguem proporcionalmente mais do que a classe média.
Atualmente, o sistema tributário brasileiro apresenta uma anomalia: pessoas que ganham mais de 20 salários mínimos pagam, proporcionalmente, menos imposto do que aquelas que recebem 5 salários mínimos. A proposta de Haddad busca corrigir essa disparidade, aumentando a tributação sobre as rendas mais altas e reduzindo a carga para a classe média.
Um dos pontos centrais da reforma é a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Na prática, isso significaria um aumento real na renda dessas pessoas. Por exemplo, um trabalhador que recebe R$ 5 mil de salário bruto deixaria de pagar R$ 335,15 mensais de imposto, o que representaria um ganho anual equivalente a um 14º salário.
Esta medida tem potencial para impulsionar o consumo, já que as famílias beneficiadas teriam mais dinheiro disponível para gastar. No entanto, alguns economistas alertam para um possível aumento da inflação como consequência desse aumento no poder aquisitivo.
A proposta de aumentar a tributação para quem ganha acima de R$ 50 mil mensais já enfrenta resistência. Argumentos contra a medida incluem a possibilidade de fuga de capitais do país e a saída de famílias ricas. O governo considera misturar esta proposta com o corte de benefícios tributários para equilibrar as contas, caso a taxação dos mais ricos não avance como esperado.
Embora haja um consenso sobre a necessidade de reduzir impostos, o desafio será encontrar parlamentares dispostos a apoiar publicamente o aumento da tributação para os mais ricos, que frequentemente têm maior influência política.