O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai procurar o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, para tentar reaproximar o país do Brasil. Entretanto, Lula não se recusaria a dialogar com Ortega e retomar relações caso fosse contatado pelo governo nicaraguense, de acordo com fontes próximas ao líder brasileiro ouvidas pela CNN.

Na última quarta-feira (7), Ortega mandou expulsar da Nicarágua o embaixador brasileiro no país, Breno de Souza. Sob orientação do governo brasileiro, Souza vinha atuando de maneira “fria” e “protocolar”, sem participar de eventos oficiais do governo Ortega, por exemplo.

A gota d’água para a expulsão foi o não comparecimento do embaixador no aniversário da Revolução Sandinista, data comemorativa da Nicarágua. O evento ocorreu em 19 de julho. A ausência irritou o governo Ortega, que teria se sentido desprestigiado.

Depois da iniciativa da Nicarágua e usando o princípio da reciprocidade, o governo brasileiro fez o mesmo, e expulsou do Brasil a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matu. Ela deixou Brasília horas antes de ser expulsa.

Apesar da expulsão dos dois embaixadores, os dois países não romperam relações diplomáticas. Isso significa que as embaixadas e consulados continuarão funcionando, mas com funcionários de níveis mais baixos na diplomacia.

No ano passado, o Papa Francisco chegou a pedir para Lula interceder com Ortega — aproveitando a relação histórica dos dois — a favor de bispos e padres perseguidos na Nicarágua.

Ortega teria ignorado ao menos três vezes as tentativas de contato do petista. De lá para cá, o relacionamento de alto nível se deteriorou e os dois governos mantêm hoje uma relação distanciada, de acordo com informações da analista Basília Rodrigues.

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