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    Débora Bergamasco
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    Débora Bergamasco

    Débora Bergamasco é jornalista, com passagem pelas redações de Estadão, Folha, O Globo, Época, IstoÉ e SBT

    Crise do pix: os bastidores do recuo decidido pelo governo Lula

    Lula ouviu de auxiliares que desconfiança havia extrapolado o universo digital e chegado à vida real dos brasileiros; no fim, optou por uma "carta ao povo brasileiro" com MP

    A Esplanada dos Ministérios amanheceu de ressaca e recolhe os cacos da derrota imposta pela oposição na “crise do pix”. O recuo sobre a medida de fiscalização da Receita Federal não era nem sequer cogitado no início da semana. Mas se mostrou inevitável após uma sequência de reuniões sensíveis no Palácio do Planalto ao longo desta quarta-feira (15).

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu o primeiro choque de realidade ainda nas primeiras horas do dia. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, entraram no gabinete presidencial com péssimas notícias em mãos.

     

    Sidônio, que foi o publicitário responsável pela campanha presidencial vitoriosa, apresentou uma série de números. Argumentou que a situação estava fora de controle em relação às fake news e críticas geradas pelo ato da Receita de ampliar a fiscalização do pix.

    Lula ouviu, com todas as letras, que a crise havia “extrapolado o universo digital e chegado à vida real dos brasileiros”. Sidônio sustentou que a crise estava causando pânico e afetando o comportamento da parcela mais pobre da população e da classe média, em especial trabalhadores informais e autônomos.

    Ali, o martelo foi batido. Haddad, Sidônio e Lula estavam convictos de que o mérito do ato de fiscalização proposto pela Receita Federal não estava errado. Refletiram se o recuo não seria uma demonstração de fraqueza, uma rendição do governo às fake news e ataques da direita.

    Decidida a revogação, Lula desmarcou outros compromissos que teria naquela tarde. Ouviu poucos ministros e assessores diretos. Debelar a primeira grande crise do ano tomou a agenda e foi tratado como prioridade máxima.

    Uma nova reunião – agora incluindo o corpo jurídico do governo – aconteceu no início da tarde. Além de Secom e Fazenda, participaram o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, e o advogado-geral da União, Jorge Messias.

    A discussão, a essa altura, era em torno das implicações jurídicas da revogação. Decidiram pelo detalhamento de um novo texto garantindo a não taxação do PIX.

    A Medida Provisória (MP) foi publicada ainda nesta quinta-feira (16) com a missão de ser uma espécie de “carta ao povo brasileiro”. E não deve ser a última. A avaliação da base do governo é de que esse é apenas mais um de uma série de tsunamis que serão frequentes até 2026.

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