Brasil quer diálogo com “linha-dura” do governo venezuelano
Governo brasileiro avalia que Maduro não é único foco de resistência para saída negociada; ampla anistia estará na mesa de negociação
O governo brasileiro está trabalhando nos bastidores para mapear e dialogar com integrantes da linha-dura do poder na Venezuela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está convencido de que, para que se prospere algum tipo de saída política negociada, não basta conversar apenas com Nicolás Maduro e com a oposição.
É preciso convencer também, segundo assessores presidenciais, aliados muitas vezes até ainda mais radicais que o próprio Maduro.
O Brasil avalia que essas pessoas estão exercendo forte pressão para a manutenção do status quo e que a saída de Maduro causará muito prejuízo para esse núcleo, que está no poder há mais de 20 anos.
Quem são eles?
- Diosdado Cabello – Vice-presidente do PSUV e número 2 do regime. Não é militar, mas é militarista. Já foi denunciado na Justiça Americana por narcoterrorismo, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Foi governador do estado de Miranda, onde fica Caracas, foi presidente da Assembleia Nacional. Depois da eleição fez um discurso em que pediu o fim da clemência para todos da oposição e que chegou a hora de eles aprenderem a “lição das lições”.
- Vladimir Padrino López – Ministro da Defesa, tem o controle do Exército nas mãos. Lembrando que na Venezuela há mais de dois mil generais, um modo de cooptar as Forças, distribuindo estrelas. No Brasil, são cerca de 300. Qualquer saída negociada tem que passar por ele.
- Cilia Flores – Primeira-dama e ex-presidente da Assembleia Nacional quando Hugo Chavez era vivo. É uma liderança com brilho próprio.
- Jorge Rodríguez – Presidente da Assembleia Nacional. Chefe de campanha do presidente Nicolás Maduro, pediu ao Ministério Público que prenda a líder da oposição, María Corina Machado, e de Edmundo González, segundo colocado na eleição presidencial de acordo com os resultados oficiais.
- Delcy Rodríguez – Vice-presidente da Venezuela e foi chanceler no governo Maduro.