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    Débora Bergamasco
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    Débora Bergamasco

    Débora Bergamasco é jornalista, com passagem pelas redações de Estadão, Folha, O Globo, Época, Istoé e SBT

    Análise: o que fará o Brasil assumir uma posição sobre a Venezuela?

    Até o momento, posição do Brasil (e da Colômbia e do México) não está freando Maduro e a violência se agrava a cada dia; protestos oposicionistas marcados para este sábado (3) são um confronto anunciado

    Já são mais de mil presos em protestos. Vinte mortos, segundo o Human Rights Watch. Lideres da oposição ameaçados. Dificuldade do voto remoto para quase oito milhões de venezuelanos no exterior. Atas ainda não reveladas pelo Conselho Nacional Eleitoral. Expulsão da diplomacia de sete países. Candidatos interditados antes da eleição.

    O que mais precisa acontecer na Venezuela para que o governo brasileiro suba o tom em relação a Nicolás Maduro e ao processo eleitoral?

    As justificativas são muitas. Uma delas é a defesa irrestrita da soberania dos países, especialmente na América do Sul – assunto caríssimo à diplomacia brasileira. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) opta por evitar contencioso com outros países. Como ele próprio reforça, o atual governo se preocupa com a relativa vulnerabilidade desta porção do continente, alvo de colonizadores no passado e sub-representada em organismos internacionais até hoje.

    A defesa pela independência política de cada nação e a blindagem em relação à pressões externas ajudam a explicar a cautela.

    Por óbvio, outras tantas razões motivam tal posição, além do natural alinhamento à esquerda do governo brasileiro.

    Também é preciso separar a tentação de paralelos como a nota da Executiva do PT e de ícones históricos do partido, como José Dirceu (PT). Questionar o resultado das eleições não é exclusividade da trumpistas e bolsonaristas.

    A manifestação popular contra Maduro e a prisão de manifestantes não são novas edições do 8 de Janeiro, no Brasil, nem da Invasão do Capitólio, nos Estados Unidos.

    Sabe-se que o Brasil e a Venezuela não querem a interdição do diálogo político e diplomático, como aconteceu no governo anterior.

    Diferentemente de manter relações comerciais e diplomáticas com a China e a Rússia, ao não se posicionar, o Brasil corre o risco de se comprometer com as violações do presidente venezuelano para se manter no poder.

    O Brasil estaria exercendo seu papel de mediador se as pressões – como exigência da divulgação dos dados desagregados das urnas para endossar politicamente o resultado eleitoral – surtissem algum efeito prático.

    Entretanto, pelo menos até aqui, a posição do Brasil (e da Colômbia e do México) não está freando Maduro e a violência se agrava a cada dia. Protestos oposicionistas marcados para este sábado (3) são um confronto anunciado.

    A calibragem de pressão do governo brasileiro está aquém do que o momento exige. No Itamaraty, dizem que é “um dia de cada vez”. O que mais precisa acontecer para uma resposta mais dura de Lula? Por enquanto, não há no horizonte mudança de rumo à vista.

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