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    Clarissa Oliveira
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    Clarissa Oliveira

    Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações, como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

    PT muda o tom sobre Haddad e elogia austeridade fiscal

    Partido costumava atacar “austericídio” fiscal e agora atribui ao ministro da Fazenda realizações do governo Lula na economia

    Quem acompanha de perto a relação entre PT e Fernando Haddad acostumou-se a assistir às alfinetadas do partido ao ministro da Fazenda.

    O partido, que já defendeu que o Brasil se liberte do “austericídio fiscal”, agora credita ao ministro várias realizações do governo e exalta o fato de Haddad não abrir mão da responsabilidade fiscal.

    A mudança de tom foi sacramentada em uma resolução do Diretório Nacional do PT votada na quinta-feira, mas divulgada somente no fim de semana.

    Resoluções desse tipo são tidas como uma espécie de linha-guia para a atuação de líderes do PT em todo o Brasil. Em geral, são documentos extensos, que contemplam avaliações da sigla sobre conjuntura política e sugestões para o projeto de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    “Os resultados no campo social são mais do que palpáveis, em uma demonstração inequívoca dos acertos de Lula e da equipe econômica do ministro Fernando Haddad, que priorizou políticas sociais sem abdicar da responsabilidade com as contas públicas”, diz o texto aprovado pelo comando do PT, após listar uma série de conquistas da gestão, muitas delas na área econômica.

    É uma mudança drástica de tom em relação ao que se viu em outra resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT, no fim do ano passado.

    Naquela época, boa parte da cúpula petista encampava a tese de que era necessário abandonar a meta de déficit zero proposta pelo ministro, para garantir investimentos e alimentar a popularidade do governo.

    A queda de braço contrapôs a chamada “ala política” do governo à equipe econômica, desgastando a relação de Haddad com à atual cúpula do PT, liderada pela presidente da sigla, Gleisi Hoffmann.

    Na resolução divulgada naquele fim de ano, o PT escreveu: “Não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do BC, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do País”.

    O documento não mencionava Haddad nominalmente. Mas líderes petistas admitiam em conversas reservadas que a referência tinha por objetivo criticar a insistência do ministro da Fazenda de perseguir a meta de déficit zero. Naquele momento, o próprio presidente Lula chegou a avaliar abandonar a meta. Mas acabou sendo convencido por economistas próximos a ele a bancar Haddad.

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