Governo vê câmbio como um dos fatores cruciais da alta de alimentos
Lula chamou nova reunião com ministros para esta sexta-feira (24)
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Com mais um reunião marcada para a manhã desta sexta-feira (24) para discutir a inflação de alimentos, o governo federal fez ontem um diagnóstico mais geral da alta dos preços e apontou o câmbio como um dos fatores primordiais do problema.
Esta foi uma das conclusões da primeira conversa tida pelo presidente Lula, segundo relatos feitos por ministros participantes na reunião.
A tese é que a inflação de alimentos está mais concentrada em alguns grupos específicos, como itens que são exportáveis, como café, soja, carne, suco de laranja. Com o dólar na casa dos R$ 6, exportadores passam a considerar mais atrativa a venda para o mercado externo, reduzindo a oferta local desses itens.
Lula terá um novo encontro com ministros hoje, no qual devem ser analisadas algumas propostas especificas para frear a alta dos preços. Há entre integrantes do governo forte preocupação com o impacto da inflacão na popularidade do governo e seu potencial efeito no projeto de reeleição.
Ministros costumam fazer referências ao efeito que a inflação teve nos Estados Unidos, contribuindo significativamente para a derrota de Joe Biden para Donald Trump. Também há menções sobre a dificuldade que o governo tem de dialogar com o trabalhador informal e os empreendedores.
A tese é que a alta dos preços complica ainda mais a situação do governo junto àquelas camadas do eleitorado que ainda se mantêm fiéis a Lula.
O IPCA encerrou 2024 com uma alta de 4,83%, mas o grupo de alimentos e bebidas teve alta bem mais expressiva, de 7,69% em 12 meses.
O governo já vem analisando propostas apresentadas pelo setor varejista. Mas a repercussão negativa levou o Planalto a descartar uma das principais ideias nesse sentido, que é a mudança no modelo de validade dos alimentos.