Governo foi cobrado até pelo PT antes de aceitar cronograma de emendas
Após muita resistência, Planalto aceitou prazos para liberar recursos e acalmar crise na articulação política
Sacramentada na quinta à tarde (22), a decisão do governo de aceitar um cronograma para a liberação de emendas parlamentares foi tomada sob pressão até mesmo do partido do presidente Lula.
Segundo relatos feitos à CNN por líderes envolvidos na negociação, o time do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, foi alertado por petistas de que havia forte incômodo mesmo em bancadas aliadas, e que seria difícil acalmar a crise com o Congresso sem oferecer aos parlamentares garantias de que as emendas prometidas para este ano sairão do caixa.
O alerta foi feito em uma reunião realizada no início do mês na Secretaria de Relações Institucionais. Mas a demora do governo em confirmar a aceitação do cronograma já vinha provocando forte irritação na base, como informou a CNN no início da semana.
Na prática, o governo aceitou o cronograma proposto originalmente na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sob relatoria do deputado Danilo Forte (União-CE).
O trecho acabou vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob o argumento de que ele infringiria a prerrogativa do Executivo de decidir sobre o fluxo orçamentário. A expectativa é que o veto seja mantido e o cronograma seja executado informalmente, por acordo.
A adoção de um cronograma para liberar emendas parlamentares é visto como um trunfo do Congresso, que vinha se queixando do fato de o Planalto represar emendas para influenciar votações no Parlamento.
O não cumprimento de acordos para a liberação de recursos também vinha contaminando a relação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que chegou a se queixar pessoalmente para o presidente Lula em reunião realizada antes do carnaval.