Bastidores: Túnel Santos-Guarujá une Lula e Tarcísio de olho em 2026
Entre afagos e rixa por crédito, presidente e governador correm para tirar obra do papel
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“Será a maior obra do governo Lula neste terceiro mandato”, foram essas as palavras usadas por um ministro para descrever a relevância do túnel Santos-Guarujá na lista de projetos prioritários do governo federal.
A frase não reserva espaço para Tarcísio de Freitas (Republicanos), que divide a responsabilidade pelo projeto. Mas o governador de São Paulo não se incomoda, garantem os mais próximos. E repete à exaustão que o importante é que saia do papel.
Parado na gaveta há anos, o túnel que liga Santos ao Guarujá, na Baixada Santista, foi assunto da reunião ocorrida na quarta-feira (12), fora da agenda, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Tarcísio.
Como relataram o repórter da CNN, Pedro Teixeira, e o analista de Política, Caio Junqueira, o encontro serviu para discutir os detalhes do projeto e avaliar quem vai conduzir os processos relacionados à obra.
Se tudo ocorrer como previsto, os termos do edital devem sair neste mês, para que o leilão para a escolha das empresas, que cuidarão do projeto, possa ocorrer no segundo semestre.
Nas últimas semanas, esse assunto alimentou muita ansiedade nos corredores, tanto do Palácio do Planalto quanto do Palácio dos Bandeirantes.
O projeto tem custo estimado de R$ 6 bilhões, entre recursos federais, estaduais e privados. Considerando que a obra conta, em parte, com dinheiro de uma Parceria Público-Privada, a modelagem jurídica foi encaminhada para análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Mas a celeridade na análise da Corte é tida como fundamental para agilizar o empreendimento.
Esse é um dos pontos que preocupam. O motivo da pressa tem um pé em 2026. Tanto Lula quanto Tarcísio encaram a obra como estratégica para as eleições, de acordo com interlocutores de ambos.
O presidente tenta destravar projetos estratégicos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que já ajudou o petista a construir, no passado, a sucessão na Presidência, com a eleição de Dilma Rousseff (PT).
Já o governador trabalha para acelerar obras do governo paulista em três eixos específicos: mobilidade, rodovias e social. Na rubrica rodoviária, o túnel Santos-Guarujá é o primeiro item da lista, com leilão previsto para o terceiro trimestre deste ano.
Segundo aliados, o projeto tem forte potencial eleitoral, seja para um plano de reeleição do governador em 2026 ou para um voo mais alto, na direção do Palácio do Planalto.
De acordo com relatos de fontes que acompanham de perto a negociação, a tramitação do projeto na esfera nacional ou estadual é um dos principais dilemas.
O protagonismo político é, obviamente, um dos fatores. Mas há também alguma troca de afagos no meio do caminho. O governo federal costuma elogiar, por exemplo, a disposição de Tarcísio em manter uma aliança institucional.
Segundo fontes próximas a Tarcísio, todos os detalhes da obra estão prontos. Empresas interessadas, inclusive, já fizeram chegar, ao governo paulista, que estão a postos, aguardando o edital.
Uma vez aprovado, afirmam esses interlocutores, os entraves mais importantes estarão resolvidos. Embora algumas divergências sobre a execução do projeto persistam. Ainda assim, garantem, a tendência é que a licitação ocorra em ritmo acelerado.