Vaccari defende mudança na estratégia de defesa da Petrobras na Lava Jato
Ao longo de 2023, ex-tesoureiro do PT se reuniu com integrantes da empresa para tratar do assunto, mas o jurídico da estatal resistiu à ideia
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari articula uma alteração na estratégia de defesa da Petrobras em ações de improbidade administrativa promovidas pelo Ministério Público contra a estatal decorrentes da operação Lava Jato.
Ao longo de 2023, Vaccari se reuniu com integrantes da empresa para tratar do assunto, mas o jurídico da estatal resistiu à ideia.
Agora, há uma expectativa de que isso pode ocorrer com a nova presidente, Magda Chambriard.
A área jurídica foi a primeira a ser reformulada na nova gestão da Petrobras. Saiu o advogado-geral Marcelo Oliveira e entrou Wellignton Silva, secretário de Assuntos Jurídicos da Presidência da República e próximo ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, um dos que teriam operado para a queda de Jean Paul Prates e que Chambriard assumisse, apurou a CNN.
Outros dois advogados da equipe de Marcelo também saíram: Sergio Belerique e Carlos Borromeu. Todos eles são resistentes à tese defendida por Vaccari. Eles saíram ainda em maio.
Em linhas gerais, a estatal tem se posicionado nessas ações como vítima dos executivos da empresa apontados pela Lava Jato e por meio de suas próprias delações como corruptos. Fontes relataram à CNN haver cerca de 30 ações desse tipo tramitando.
A empresa sempre considerou que, do ponto de vista jurídico, essa posição era importante para contestar outras ações judiciais ainda em curso de acionistas minoritários que pedem indenizações milionárias a Petrobras em razão dos achados da Lava Jato.
Eles apontam que foram enganados e que a perda de valor da empresa fez com que perdessem o dinheiro investido em ações na empresa.
No entanto, as decisões nos últimos meses, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), anulando sentenças da Lava Jato e revendo acordos de leniência, fez com que delatados defendessem que a Petrobras revisse essa tese jurídica adotada até agora.
O jurídico da Petrobras sempre defendeu que era preciso aguardar uma posição consolidada do STF sobre as revisões em curso de decisões sobre a operação.
Segundo fontes relataram à CNN, o próprio Vaccari defendeu essa mudança diretamente a integrantes da empresa. A eventual mudança na tese facilita a defesa desses delatados nos processos que ainda tramitam contra eles.
Uma das ações em curso, por exemplo, é a que apura um superfaturamento na construção da sede da Petrobras em Salvador.
À época, o Ministério Público Federal apontou que ela foi orçada em R$ 320 milhões, mas acabou tendo custo final de R$ 1,2 bilhão.
Uma cunhada de Vaccari chegou a ser presa na operação da Lava Jato sobre este caso. O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli é um dos principais críticos da operação no PT. Ele foi um dos consultados por Lula para a troca de Chambriard por Prates.
A CNN procurou a Petrobras, que disse que não iria se posicionar. Vaccari e Gabrielli também não se manifestaram.