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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Partido de Tarcísio vira entrave para anistia defendida por Bolsonaro

    Republicanos ainda não reuniu bancadas para discutir proposta

    O Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, virou um entrave para que o projeto de lei para anistia aos condenados do 8 de Janeiro seja pautado no Congresso Nacional, o que fez com que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha pedido ajuda a ele para angariar apoio na legenda.

    Com 44 deputados e 6 senadores, a legenda vive uma situação peculiar de ter, segundo seus integrantes, uma maioria interna favorável à proposta, mas que acaba impedida de manifestar com maior clareza sua posição por causa de fatores externos.

    O maior sinal disso é de que até agora, por exemplo, a legenda resiste a assinar o requerimento da oposição bolsonarista para pedir urgência na apreciação da proposta pela Câmara dos Deputados.

    Um dos motivos apontados é a resistência do presidente da sigla, deputado Marcos Pereira (SP), que nunca teve uma relação próxima de Bolsonaro.

    Além disso, o ex-presidente acabou impondo restrições ao nome de Pereira na disputa pela presidência da Câmara no ano passado, e o dirigente do Republicanos se viu obrigado a retirar a candidatura em favor do então líder da bancada, Hugo Motta (PB), que acabou virando presidente da Casa.

    Nos últimos dias, Bolsonaro tentou agendar uma conversa pessoal com Pereira, assim como fez com dirigentes de outras siglas num périplo por apoio ao projeto da anistia. Mas o presidente do Republicanos ainda não marcou essa reunião e, até a noite de segunda-feira (17), não havia previsão de que isso ocorresse.

    O Republicanos nem sequer reuniu suas bancadas para debater a proposta, algo considerado internamente como consequência da indisposição do presidente do partido com Bolsonaro.

    A CNN procurou na segunda-feira o líder do partido, Gilberto Abramo (MG), mas ele não respondeu aos pedidos de conversa.

    Em outra frente, o próprio Hugo Motta ainda não sinalizou que pautará a urgência da proposta caso lideranças do Centrão apresentem a ele o pedido formalizado.

    Isso porque o presidente da Casa havia se comprometido durante sua campanha a não necessariamente pautar projetos que sejam apresentados via requerimento de urgência, por considerar que isso atrapalha o debate sobre as propostas. O instrumento foi muito utilizado recentemente na Casa, o que levou a queixa dos parlamentares.

    Hugo prefere, segundo aliados, pautar propostas quando houver consenso entre os líderes – hoje, não é o caso do projeto da anistia.

    O ato no último domingo, no Rio, a favor da anistia, com a presença de Bolsonaro, Tarcísio e políticos do PL ajudou a consolidar essa avaliação entre interlocutores de Hugo Motta. A leitura é de que não há pressão popular para sua aprovação.

    Por fim, o único ministro do Republicanos no gabinete de Lula, Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), também é contrário ao projeto.

    Sem o Republicanos até agora, a oposição bolsonarista caminha para apresentar o requerimento de urgência ainda nesta semana com a assinatura dos outros partidos do centrão, como União Brasil, PP e PSD. Nas contas dos seus operadores, hoje haveria 260 votos certos a favor do projeto, uma margem ainda pequena para a aprovação, que exige 257 votos.

    Por isso, o apoio formal do Republicanos é importante para que a taxa de apoio passe dos 300 votos e tenha um quórum de PEC (308). A ideia é que, se o Supremo Tribunal Federal considerar o projeto eventualmente aprovado inconstitucional, haja quórum suficiente para que seja aprovada uma PEC com o mesmo assunto.

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